sábado, 31 de março de 2007

O Domingo de Ramos: a entrada triunfal em Jerusalém

Quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos e disse-lhes: Ide à aldeia que aí está diante de vós e, logo ao entrar, achareis preso um jumentinho, o qual ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. Se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? Respondei: O Senhor precisa dele e logo o mandará de volta para aqui. Então, foram e acharam o jumentinho preso, junto ao portão, do lado de fora, na rua, e o desprenderam. Alguns dos que ali estavam reclamaram: Que fazeis, soltando o jumentinho? Eles, porém, responderam conforme as instruções de Jesus; então, os deixaram ir. Levaram o jumentinho, sobre o qual puseram as suas vestes, e Jesus o montou. E muitos estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que haviam cortado dos campos. Tanto os que iam adiante dele como os que vinham depois clamavam:
Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana, nas maiores alturas!
E, quando entrou em Jerusalém, no templo, tendo observado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze.
” (Mc 11.1-11)

Era normal na Antigüidade e até mesmo em eras mais recentes, a entrada triunfal de um rei, de um governador ou de um general em uma terra conquistada, com o propósito de demonstrar força, demarcar aquela região como sendo sua e, ainda, humilhar o povo conquistado. A história contemporânea registrou um fato dessa natureza, quando, na II Guerra Mundial, o exército nazista desfilou solenemente na mais importante avenida de Paris, marcando, de forma indelével, o domínio alemão sobre a França.

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, nas proximidades da Páscoa, foi, em sua vida, seu único triunfo visível; até então, Ele tinha recusado qualquer tentativa de ser glorificado, mas naquele domingo, Ele não só aceitou, como provocou o acontecimento, cumprindo ao pé da letra a profecia do Antigo Testamento: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” (Zc. 9:9). No entanto, de modo diferente dos reis guerreiros, Jesus entra em Jerusalém sobre um jumentinho e não em um belo cavalo, entra de forma humilde, como um simples homem e não como um general vitorioso. Mesmo assim, Ele enfrenta o poder judaico, entrando de forma gloriosa em sua capital, invertendo os valores de então, pautados na religiosidade hipócrita, na injustiça e na força, em especial, contra os mais necessitados.

Ele mostra claramente que queria ser reconhecido e aclamado como o Messias, Rei e Salvador de Israel; e o texto do Evangelho registra os traços messiânicos: os ramos (cf. Sl 118.27), o canto de Hosana (que significa: Oh! Salva-nos, Senhor), a aclamação de Jesus como Filho de Davi e Rei de Israel. Assim, a história de Israel chega ao seu fim, uma vez que o seu sentido era o de anunciar e preparar o Reino de Deus, a vinda do Messias. Esse é o dia em que isto se cumpre, pois eis que o Rei entra em sua cidade santa e nele todas as profecias e toda a espera de Israel encontram seu término: ele inaugura seu Reino.


Mas, qual é o sentido disto para nós, para a Igreja?


Primeiramente, nós proclamamos que o Cristo é nosso Rei e nosso Senhor. Com certeza, lembramo-nos constantemente que Jesus é o nosso Salvador; mas, com freqüência, esquecemos que Ele é o nosso Senhor, que nós somos cidadãos de seu Reino, e que nós prometemos colocar nossa fidelidade a esse Reino acima de qualquer outra. O que ele espera de nós, é um real acolhimento do Reino que ele nos trouxe.


Em segundo lugar, o Reino inaugurado em Jerusalém é um Reino universal, abraçando toda a humanidade e toda a criação. E aquele singelo evento, aquele breve momento de triunfo terrestre do Cristo adquire uma significação eterna. Ele introduz a realidade do eterno Reino de Deus em nossa história, revelando-se ao mundo e julgando e transformando a história humana. Dessa forma, devemos confessar que o seu Reino é o único objetivo de nossa vida, a única coisa que dá um sentido a ela. Devemos, também, entregar tudo de somos e que temos a Cristo, uma vez que nada pode ser subtraído ao único e exclusivo Mestre e que nenhum domínio de nossa existência escapa de seu império e de sua ação redentora.


Finalmente, devemos entender que enquanto cidadãos desse Reino, somos representantes dele no mundo; dessa forma, proclamamos a grande responsabilidade da Igreja – a embaixada do Reino de Deus – com relação à história da humanidade e afirmamos sua missão universal. O mundo vive como se esse acontecimento decisivo jamais tivesse ocorrido, como se Deus não tivesse morrido na cruz e como se, nele, o homem não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Mas nós, Igreja, cremos, na chegada desse Reino e devemos mostrar e testemunhar ao mundo que a cidadania desse Reino está aberta para quem, com fé, venha se arrepender de seus pecados e aceite Jesus Cristo, o Rei Messias, como seu Senhor e Salvador.


Soli Deo Gloria


Nelson Calmon

domingo, 25 de março de 2007

“O Sepulcro Esquecido de Jesus” - mais uma tentativa de desacreditar o Cristianismo


Mais uma vez, como vem ocorrendo nos últimos anos, a mídia criou um novo documentário com o propósito de mostrar as “verdades” acerca da vida de Jesus e enfraquecer a fé e a crença que têm norteado milhões de cristãos ao longo de 2.000 anos.
Dessa vez, a Discovery Channel colocou no ar um documentário intitulado “O Sepulcro Esquecido de Jesus” que relata o achado do túmulo que seria da família de Jesus, no qual estão, segundo os produtores, as ossadas do Senhor, de Maria Madalena, além de diversos outros membros da sua família, incluindo de Judá, suposto filho de ambos.
É verdade que já estamos acostumados com esses mega-documentários que vêm, em especial, nas proximidades da Semana Santa, veicular, de forma sensacionalista, artigos que tentam minar nossa fé e colocar em “check” a razão da nossa esperança.
Temos visto programas sobre o Código da Vinci, o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Judas e, agora, o descobrimento do corpo de Jesus que, segundo as Escrituras e de acordo com o que cremos, ascendeu aos céus.
O documentário considerado “imparcial” pela Discovery convoca uma série de estudiosos, mas não relata de forma fidedigna todas as suas considerações acerca dos argumentos levantados pelos produtores. Da mesma forma, esses argumentos formam uma grande cadeia de elos que se ligariam para sustentar a tese apontada de que o túmulo encontrado contém os restos mortais de Jesus. No entanto, esses elos não se fecham, isto é, a cadeia permanece aberta, uma vez que não se pode atestar a autenticidade de todas as “provas” encontradas. Mesmo assim, na conclusão, Simcha Jacobovici, o co-produtor, afirma de forma veemente que crê na tese de a ossada ser a do Nosso Senhor e da sua “família”.
Apesar de toda essa polêmica, achei interessante assistir o documentário, haja vista que considero importante conhecer as armadilhas e ciladas que o Inimigo de nossas almas tem procurado usar contra a Igreja e contra a propagação do Evangelho no mundo. Da mesma forma, achei muito importante e bem esclarecedor o debate que é veiculado logo após o documentário. Esse debate, que considerei bem mais imparcial que o programa propriamente dito, revela-nos diversos trechos do trabalho que não foram exibidos, mas que comprovam o quão tendencioso ele é, uma vez que diversas informações e diversos depoimentos foram manipulados durante a edição do programa.


Finalmente, nada disso deve nos surpreender e nos assustar. A Palavra de Deus bem nos ensina que: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai” (1Jo 2.22-23).
E ainda, “se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Cor 15.17,19).

Para maiores informações, recomendo:
· o artigo de Airton José da Silva, professor de Bíblia Hebraica/Antigo Testamento na Faculdade de Teologia do CEARP de Ribeirão Preto, em http://www.airtonjo.com/blog/2007/03/o-sepulcro-esquecido-de-jesus-observaes.html; e
· o artigo, em http://www.sbl-site.org/Article.aspx?ArticleId=648, de Jonathan L. Reed, professor de Religião da University of La Verne, co-autor de Excavating Jesus e um dos professores que deixaram Jacobovici sem respostas precisas durante o debate.

Soli Deo Gloria

Nelson Calmon

domingo, 18 de março de 2007

A Ditadura da Democracia

Achei, durante uma "viagem" pela internet, o texto a seguir, onde o autor, o jornalista e filósofo Olavo de Carvalho bem define a democracia. Ademais, embora polêmico, considerei, de longe, a melhor definição dessa forma de governo:

"Georges Bernanos já tinha dito: a democracia não é o contrário da ditadura; ela é a causa da ditadura. Basta ver como a noção de direitos humanos é hoje utilizada para impor às pessoas novas formas tirânicas de controle do comportamento, para perceber que Bernanos tinha razão. A democracia, para subsistir, tem de se apoiar sempre em alguma coisa totalmente diversa, num sistema de valores extrapolíticos ou suprapolíticos, como por exemplo o cristianismo. Mas a própria democracia tende a destruir esses valores e em seguida é deixada a si mesma e se transforma em tirania: tudo democratizar é tudo politizar, e quando não restam outros valores senão políticos, então é a ditadura, como a definia Carl Schmitt, a pura luta pelo poder, que não pode levar senão à vitória dos mais fortes. […] É o resultado da democratização, e é indiscutivelmente ditadura. Para salvar a democracia seria preciso saber limitá-la, isto é, restringir os critérios democráticos ao território estritamente político e limitar o território da política, instituindo para além da política uma zona onde os debates não sejam decididos por meios políticos mas pela razão, pela sabedoria e pelo amor (grifo meu). Isto seria precisamente a função da cultura, mas a cultura já está quase completamente politizada e vamos a largos passos para a ditadura universal, sob o aplauso geral das massas".

sábado, 17 de março de 2007

CIÊNCIA HUMANA E FÉ DIVINA

Senhor, Deus da verdade, será suficiente conhecer essas coisas para te agradar? Infeliz o homem que conhece tudo isso e não te conhece. Feliz aquele que te conhece, ainda que ignore o resto. Aquele que te conhece a ti e também as outras coisas, não é mais feliz por esse conhecimento, mas somente por conhecer a ti, e conhecendo-te, te glorifica pelo que és, e te rende graças, e não se perde em vãs reflexões. De fato, aquele que se reconhece possuidor de uma árvore e te é grato pelo uso que dela pode fazer, ainda que não saiba qual a altura ou largura dela, é melhor do que aquele que a mede, lhe conta os galhos, mas não a possui e não conhece nem ama o criador dela. Do mesmo modo, a pessoa de fé possui todas as riquezas do mundo e, mesmo que nada tenha, é como quem tudo possui, pois está unida a ti, Senhor de todas as coisas, pouco importando se nada sabe sobre o percurso da Ursa Maior! Seria loucura duvidar de que está em melhor situação do que aquele que sabe medir os céus, contar as estrelas e pesar os elementos, e no entanto despreza a ti, que tudo dispuseste com medida, quantidade e peso.

Santo Agostinho, bispo de Hipona, in Confissões (V.4.7)

domingo, 11 de março de 2007

Quaresma - qual a nossa missão?

Apesar da Quaresma já ter se iniciado a algumas semanas, recomendo a leitura deste artigo, para que possamos meditar acerca de nossa missão como cristãos.

Quaresma
A Quaresma surgiu na Igreja Primitiva como um período de preparação para a Páscoa. Nesse tempo, os fiéis imitavam o exemplo de Jesus, que jejuou 40 dias no deserto, resistindo ao Tentador. A Quaresma também destinava-se à instrução de candidatos para o batismo ministrado ao amanhecer do Domingo da Páscoa.
A Quaresma é o tempo de meditar a respeito da nossa mortalidade, da nossa escravidão ao pecado, e da nossa redenção do poder do pecado e da morte por Jesus Cristo.
Sob a pressão de nosso mundo que afasta Deus do centro da vida e descarta os mandamentos, precisamos de um período como a Quaresma para reajustar nossa vida à luz da Palavra de Deus. Nestes 40 dias, acompanhamos Jesus ao caminho da cruz, aprendendo com ele a assumir a cruz do seu discipulado, num contexto social que nega seus ensinos e rejeita seu exemplo de sacrifício próprio por amor aos outros.
A Quaresma nos chama à oração, ao jejum e às obras de compaixão.
1- É tempo de auto-exame, de arrependimento, confissão e súplica por força moral para resistir às tentações. Mas, também, é tempo de ações de graças pelo perdão de nossas transgressões, garantido por Cristo em nosso batismo. É a ocasião propícia de aprendermos o valor do silêncio para escutar a "voz mansa e delicada de Deus" (1 Rs 19:12).
2- A Quaresma é tempo de Jejum, que não é um ato meritório para alcançar uma graça, como muitos imaginam. O jejum cristão significa abster-se do supérfluo, não como uma prova de ascetismo, mas com o propósito de ter o que repartir com as pessoas menos favorecidas. O estilo cristão de vida rejeita o consumismo, a ostentação e o luxo.
3- A Quaresma é, ainda, o tempo de mostrar compaixão. Não através de lágrimas sentimentais, mas por provas e atos concretos, visando a uma vida melhor para os que sofrem as desigualdades e injustiças do mundo globalizado.

Rev. Richard Wilian Irwin

terça-feira, 6 de março de 2007

Carta às mulheres....

“...recordo-me de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice. Por esta razão, pois, te admoesto que a reavives o dom de Deus que há em ti...” (II Timóteo 1.5-6)

Queridas mulheres, graça e paz! Como vocês sabem, o dia 8 de março é comemorado pelas Nações Unidas, desde 1975, como o Dia Internacional da Mulher. Foi no dia 8 de março de 1857, que operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicar a redução da carga horária de trabalho, de 16 para 10 horas por dia. Elas ganhavam menos de um terço do salário dos homens. Por causa dessa rebelião, foram trancadas na fábrica, onde um incêndio matou cerca de 130 delas, queimadas. Em 1910, numa Conferência Internacional de Mulheres realizada na Dinamarca, ficou decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar-se anualmente, em 8 de março, o "Dia Internacional da Mulher".
Infelizmente no decorrer da história do cristianismo vocês têm sido vítimas dos erros de natureza teológica e doutrinária, bem como de tradições, traduções e interpretações da Bíblia. Contudo, ainda que sem ocupar a linha de comando, vocês nunca abandonaram as trincheiras. Não diferente do restante do mundo, vocês compõe mais 70% do rol dos membros ativos das igrejas evangélicas no Brasil. Se na linha de comando estão os homens, no front — na frente da batalha — estão vocês! E eu sei bem que quando não podem ir, ou quando não as deixam ir (há alguns que ainda acham que vocês são menos capazes, menos fortes, menos gente! Vamos continuar orando por eles!), vocês dobram seus joelhos para que missionários e pastores permaneçam em pé! Ah! E como vocês oram! (Será que não deveríamos convidar os homens para que compareçam às reuniões de oração no templo e nas casas para comprovar que 90% dos presentes são mulheres?).
Por isso, não deve causar-lhes estranheza o fato de que ao precisar de um elemento que motivasse o jovem pastor Timóteo a seguir em fidelidade no ministério, o Apóstolo Paulo lembrou-lhe da fé “fé sem fingimento” de duas mulheres.
Nesta carta quero expressar minha gratidão e meu louvor a Deus pela vida de vocês, cuja fé e testemunho, trabalho árduo e oração fervorosa, têm sido elemento motivador e sustentador da vida da igreja e do meu ministério pastoral, em particular!Que o “Deus da Esperança as encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejam ricas de esperança no poder do Espírito Santo”.
No amor dAquele que nos amou primeiro,
Do vosso servo, irmão e pastor,
Ézio Martins de Lima, rev (Pastor da Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília)

domingo, 4 de março de 2007

Primeiras palavras....

mesmo com tempo escasso devido à dedicação à família, ao trabalho, ao seminário, à igreja e, até mesmo, ao lazer, senti-me inclinado a criar este blog, onde eu e todos aqueles que sentirem vontade possam falar de Deus, da Bíblia, de teologia, de assuntos políticos, de atualidades etc...
Cabe ressaltar que devemos "ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Que este instrumento da tecnologia que tem o poder de percorrer instantaneamente todo o planeta, possa, em nome do Nosso Senhor, ajudar-nos a cumprir aquela missão. Que este blog seja uma verdadeira "Genebra".
SOLI DEO GLORIA