domingo, 18 de novembro de 2007

Calvinismo, Capitalismo e Socialismo

Estou inserindo abaixo o link para um artigo do Presbítero Solano Portela, da IPB, postado em seu blog, com o nome de "Weber, Calvino e o estigma do capitalismo", onde tece breves comentários acerca da teoria de Max Weber sobre a relação do capitalismo com o calvinismo.

Faz, ainda, rápidas considerações acerca do capitalismo e do socialismo, vistos pelo enfoque bíblico.

Creio que dispensa comentários de minha parte, apenas afirmo que concordo em gênero, número e grau com o autor.
No amor dAquele que nos amou e nos elegeu desde a eternidade,
Nelson Calmon

Mais uma coisa: leia sem preconceitos...

domingo, 4 de novembro de 2007

Ainda sobre Lutero: AS 95 TESES



As 95 Teses afixadas por Martinho Lutero na Abadia de Wittenberg a 31 de outubro de 1517, fundamentalmente "Contra o Comércio das Indulgências":

Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade, discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. Padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito.

Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1. Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: "Arrependei-vos" etc., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.

2. E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como se referindo ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3. Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de mortificações da carne.

4. Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5. O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6. O papa não pode perdoar dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7. Deus a ninguém perdoa a dívida sem ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8. Canones poenitendiales, que são as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas são impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9. Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluindo este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema.

10. Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem os moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11. Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, previstas pelas cânones ou estatutos, em penitência ou apenas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12. Outrora canonicae poenae, ou seja penitência e satisfação por pecados cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidades de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13. Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça de sua imposição.

14. Piedade ou amor imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15. Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras coisas, bastam para causar o tormento e horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16. Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17. Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18. Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas razões e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram for a da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19. Ainda não parece ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós teremos absoluta certeza disto.

20. Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras "perdão plenário de todas as penas" que todo o tormento é perdoado, mas apenas as penas por ele impostas.

21. Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.

22. Com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23. Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24. Assim sendo, a minoria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25. Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura de almas tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26. O papa faz muito bem em não conceder o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27. Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa, a alma se vai do purgatório.

28. Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro, cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29. E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que suceder com Santo Severino e Pascoal.

30. Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31. Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32. Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.

33. Há que acautelar-se muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dádiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34. Tanto assim, que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35. Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36. Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37. Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38. Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39. É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40. O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo; mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41. É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42. Deve-se ensinar aos cristãos, não ter pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43. Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44. É que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais segura e livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa, mas provoca a ira de Deus.

46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura, fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47. Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada.

48. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa de que de dinheiro.

49. Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüências delas, se perde o temor de Deus.

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seus, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgência, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52. Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53. São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54. Esperar ser salvo mediante breves de indulgências é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55. A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionadas e nem suficientemente conhecidos na Igreja de Cristo.

57. Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a este não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58. Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59. São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60. Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que este tesouro são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61. Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros

64. Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabidamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65. Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66. Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores com ao mais sublimes graça decerto assim são considerados porque lhes trazem grandes proventos.

68. Nem por isso semelhante indulgência não deixa de ser a mais íntima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69. Os bispos e sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.

70. Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71. Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72. Quem se levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73. Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74. Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75. Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

76. Bem ao contrário, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular no que diz respeito à culpa que constitui.

77. Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar São Pedro e o papa.

78. Em contrário, dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederem, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes, o dom de curar, etc., de acordo com o que diz I Coríntios 12.

79. Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80. Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81. Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82. Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para construção da catedral de São Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante insignificante?

83. Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou prebendas oferecidos em favor dos mortos, visto ser injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84. Ainda: Que nova piedade de Deus e do papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85. Ainda: Por que os cânones de penitência, que de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgências como se continuassem bem vivos e em vigor ?

86. Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é a mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de São Pedro de seu próprio bolso em vez de fazê-lo com o dinheiro de fiéis pobres?

87. Ainda: Que ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste direito à indulgência plenária?

88. Afinal: que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como já o fez cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89. Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes ?

90. Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91. Se a indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92. Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há paz.

93. Abençoados seja, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.

94. Admoestem-se os cristãos a que se empenham em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95. E assim esperem mais entrar no reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.

MARTIN LUTHER (am 31. Oktober 1517)

sábado, 3 de novembro de 2007

LUTERO: O FILME




No 490º aniversário da Reforma Protestante, vale a pena ler a resenha abaixo do filme "LUTERO". E, depois, assista pela primeira ou n-ésima vez. No mínimo é uma excelente aula de história. Fique na paz do Senhor da história,



Nelson Calmon


LUTERO: O FILME
Este artigo pretende mencionar, de maneira sucinta, alguns dos principais momentos do filme LUTERO, recentemente lançado no Brasil. Para àqueles que se interessarem pelo assunto, vale a pena conferir o filme, apresentado sem grandes alardes por parte da mídia nacional. Afinal o Brasil é um dos maiores países onde a religião predominante é o catolicismo. Talvez seja também por esta razão que os cinemas não "arriscaram" em divulgá-lo com tanta veemência, como tem feito em outros gêneros. É importante não esquecermos que as informações mencionadas a seguir, estão completamente embasadas no filme.
Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Em sua primeira missa, Lutero obteve um desequilíbrio emocional. Na verdade, dúvidas que pairavam em sua mente, começaram a ganhar força. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação, como veremos a seguir:


A visão de Lutero Quanto as Indulgências da Igreja Católica
Lutero doutorado em teologia, embora tentasse, não conseguia compreender alguns dogmas da Igreja para com seus súditos. Como por exemplo, a "oferta" de indulgências aos fiéis, em torça da salvação de suas almas do purgatório. Lutero fora para Roma conhecer de perto o centro do Catolicismo. Diante de uma enorme fila para ficar de frente o crânio do João Batista, exposto no interior da Capela Sistina. Depois de ficar por um momento diante de tal imagem, Lutero envolveu-se em outra fila, diante de uma enorme escadaria, neste lugar, qualquer fiel que tivesse interesse em livrar ou amenizar seus pecados, encurtar sua passagem pelo purgatório, deveria pagar um determinado valor. O procedimento era depositar moedas na caixa dos clérigos, distribuídos em uma enorme bancada estabelecida ao lado da escadaria. Lutero encarou tal "desafio" tendo de rezar uma determinada oração a cada degrau, até o topo. Quando Lutero depositou a moeda, um clérigo lhe disse: "seu avô agora será livre do purgatório, suba e reze a cada degrau". Quando Lutero chegou ao topo da escadaria, deparou-se com outras imagens que trariam "benefícios espirituais" para aqueles que às adquirisse.


Lutero Volta de Roma
Martin Lutero voltou de Roma, logo depois de presenciar o "comércio de indulgências" oferecido pela Igreja Católica, aos fiéis. Completamente decepcionado com a postura da Igreja, Lutero sentia-se atormentado pelo Diabo, e, em várias oportunidades acreditava que poderia conversar com o Diabo. Lutero passou a estar convicto de que a Igreja comportava-se de um modo não harmonioso com os dizeres expressos na Palavra de Deus. Quando suas indagações atingiam momentos críticos em sua cabeça, ele costumava (geralmente madrugada a dentro) "conversar" com o Diabo, condenando-o por querer lhe provocar por meio de tentações constantes, em detrimento de sua postura frente à procura pela "verdade". Lutero refletiu muito quando voltara de Roma, onde pode visualizar com seus próprios olhos cenas polêmicas referentes às atuações dos "representantes de Deus". Martin identificou, por exemplo, a existência de prostíbulos "específicos" para monges, centenas de pessoas entregando o pouco que possuíam para seu sustento em nome da "salvação" pregada pelos lideres católicos.


Lutero segundo o Príncipe Frederico
Fundador da Universidade, Frederico III sempre mostrou admiração por Lutero, talvez por sua enorme habilidade e dedicação presente em suas aulas, seja também por meio de seu profundo conhecimento teólogo, etc. O Príncipe defendeu e protegeu Lutero mesmo em momentos delicados de sua vida, como veremos adiante. Outro aspecto elogiado com referência a Lutero, condizia com sua coragem presente em sua trajetória de indagações à Igreja Católica.


A Visita de Tetzel em Wittenberg
Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa.


As 95 Teses de Lutero
Logo após a conclusão das 95 teses, Lutero pregou-as pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material. Essas teses estavam compostas de algumas dimensões conceituais, conforme vemos abaixo:
Teses aceitáveis ao Catolicismo
Teses demagógicas
Teses que supõem o conceito luterano de justificação
Teses que procuram reconhecer o magistério do Papa
Teses que denotam termos sarcásticos


Lutero e o Papa Leão X
Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente.


"Julgamento" das 95 Teses de Lutero
Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Lutero ficou escondido em nos arredores da Universidade, foi também neste momento que Lutero tomou a decisão de traduzir a Bíblia para a língua alemã.


Lutero Traduz a Palavra de Deus em Língua Alemã
Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado.


O Impacto da Postura de Lutero na Alemanha
Matin Lutero sem dúvida, provocou uma verdadeira reforma religiosa, inclusive na Alemanha. Muitos acompanharam suas idéias e deixaram para trás as doutrinas "sugeridas" pela Igreja Católica. Houve grandes confrontos entre protestantes e católicos, inúmeras pessoas morreram. A Catedral de Wittemberg não escapou da devassa dos revoltosos. Lutero pôde presenciar os estragos após a "guerra santa" em Wittemberg desencadeada e liderada por seu amigo professor da Universidade. Martin jamais admitira que o ocorrido fora em conseqüência do que ele pregava. Pois suas ideologias estavam, segundo ele, embasadas no verdadeiro amor de Cristo não em desrespeito, violência e revolta.


O Casamento de Lutero com Katharine
Logo após o conflito, algumas Freiras fugiram duma cidade distante com destino a Enfurt. Uma delas era Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Katharine foi além, casou-se com Martin e teve filhos. Tal fato, desafiando mais uma vez os líderes católicos. A "cúpula" que compunha o reinado de Carlos V deu total apoio negando-se a condenar Lutero com o herege, foi uma verdadeira vitória para aqueles que apoiavam as idéias luteranas.


Conclusões
Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Após seu casamento, ele ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos. Muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam na sociedade alemã e em todo mundo.
Recomendo para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da vida deste corajoso protestante, a assistirem "LUTERO". Um filme que está disponível nas melhores locadoras do país.


Em tempo, podemos nos perguntar, conforme mencionamos no início deste artigo. Porque será que esta obra cinematográfica não vivenciou o mesmo processo de divulgação como em outros "sucessos" das "telonas"? Descubra você mesmo.


Escrito por: CRISTIANO CATARIN (22-abril-2005)
Acessado em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=698 (03-nov-2007)