segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Às igrejas de classe média - Eugene Peterson

Uma mensagem da parte do Filho de Deus, Jesus, a quem vocês chamam de mestre e o qual chama vocês para segui-lo.


Minhas igrejas de classe média: vocês são uma das maravilhas do mundo – nunca houve nada exatamente como vocês. Que energia, que entusiasmo e generosidade! E o que é melhor: vocês são honestos. A hipocrisia tem sido sempre um grande problema com o qual tenho de lidar e, a bem da verdade, não espero jamais erradicar este mal. No entanto, entre vocês, ele não é freqüente. De todas as formas de fingimento, o fingimento religioso é o pior. Felizmente, eu não encontro muitos fingidos entre vocês.Tenho, no entanto, algo a lhes dizer: vocês se impressionam demais com Tamanho, Poder e Influência. Vocês são impacientes com os pequenos e os vagarosos.


Vocês não discernem muito bem entre os caminhos do mundo e os meus caminhos. Aborrece-me o fato de que vocês copiam de modo acrítico as atitudes e os métodos que fazem suas vidas nos bairros nobres e afluentes funcionarem tão bem. Vocês se apegam a qualquer coisa que funcione e tenha boa aparência. Vocês fazem muitas coisas maravilhosas, mas com exagerada freqüência vocês as fazem à maneira do mundo ao invés de fazê-las à minha maneira; e isto compromete seriamente a sua obediência.


Eu entendo porque vocês procedem assim: a maioria de vocês tem sido bem-sucedida no mundo – vocês moram em boas casas, são bem instruídos, bem remunerados, bem vistos; portanto, é natural que vocês coloquem a meu serviço os valores e métodos que lhes serviram tão bem. Mas vocês não se dão conta de que qualquer sucesso que tenha sido alcançado, através de tais atitudes e métodos, foi conquistado a um preço terrível?


Despersonalizando e reduzindo pessoas a funções; transformando virtualmente tudo em causas ou mercadorias a serem usadas ou consertadas ou consumidas; fazendo de tudo para manter o sofrimento a uma certa distância de vocês? As igrejas de vocês estão lotadas, funcionam bem e têm a capacidade de fazer quase qualquer coisa acontecer. Mas agora eu lhes pergunto: vocês honestamente acham que isto era o que eu tinha em mente quando lhes disse “Sigam-me” e depois me dirigi para o Gólgota, em Jerusalém?


À igreja que não apenas acredita no que eu digo, mas segue o meu exemplo e faz as coisas que eu faço, eu darei uma vida simples e arrumada – que é hospitaleira para com os homens e mulheres deste mundo, que caminham sem rumo e desorientados, apressados e malquistos. Eu desejo usar vocês para dar a estas pessoas um pouquinho de Sábado e céu.Vocês estão ouvindo? Realmente ouvindo?



Copyright © 2008 by Christianity Today International: http://www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?sessao=Eugene%20Peterson&sessaoid=33403&artigoid=34555

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Le Monde: A religião, uma revolução silenciosa na China


Frédéric Bobin


O crucifixo preto destaca-se sobre o branco da parede. Predomina na sala uma claridade intensa, como que irradiada pela luz que penetra através dos vidros deste apartamento empoleirado no topo de uma torre situada num conjunto habitacional de Pequim, não longe da vila olímpica. Atrás do seu púlpito improvisado, o pastor Li, segurando um livro de salmos, canta às bandeiras despregadas. Ao lado dele, uma adepta o acompanha no piano. Na sua frente, cerca de vinte crentes entoam, por sua vez, as louvações evangélicas. Eles estão sentados em cadeiras metálicas de encosto acolchoado. Em sua maioria, são trintões e quadragenários. Eles correspondem a perfis variados, entre os quais se misturam donas de casa, intelectuais de óculos, jovens mulheres antenadas trajando blusas regatas ou rapazes com cabelos cortados no estilo "ouriço".


Yu Jie está em pé, ligeiramente afastado da platéia. Ele está mergulhado no recolhimento. Este rapaz de tez pálida e rosto arredondado segura uma Bíblia entreaberta nas palmas das suas mãos. Ele a folheia quando o pastor prega "o amor de Deus". A sua discrição é enganadora: de fato, Yu Jie é uma personalidade de peso nesta igreja não-oficial que celebra o culto nesta tarde de domingo de julho. A igreja da Arca, que nasceu por obra de um grupo de orações organizado pela sua mulher, deve muito à sua abnegação, e também ao seu prestígio pessoal.


Yu Jie é o que costumam chamar de "dissidente". Um ensaísta liberal, admirador da democracia americana - e, a esse título, um inimigo declarado dos nacionalistas chineses mais extremistas -, ele é vigiado de muito perto pela Segurança de Estado, que, contudo, o deixa livre de restrições, controles ou limitações. Em decorrência de uma extensa reflexão política e espiritual, ele abraçou a fé cristã em 2003. Um expoente da vertente pequinesa das "igrejas em domicílio" - as quais são estruturas não-oficiais toleradas, mas que evoluem em meio a um contexto precário -, ele é atualmente um dos intelectuais protestantes mais destacados da capital. Junto com dois dos seus correligionários, ele foi até mesmo recebido em 2006 em Washington por George W. Bush, o que provocou o furor do regime chinês.

Fé e política intimamente ligadas

Yu Jie é apenas um exemplo entre tantos outros. Ele encarna uma pequena revolução silenciosa: no decorrer dos últimos anos, um número crescente de intelectuais liberais na China urbana vem aderindo ao protestantismo. Além de Yu Jie, os mais conhecidos são Wang Yi, Li Baiguang, Gao Zhisheng, Jiao Guobiao, Li Heping, Li Jinsong, Ai Xiaoming. Quase todos eles são professores e juristas envolvidos na defesa dos direitos cívicos. Eles representam a parte visível de um fenômeno mais amplo.


Após ter tomado conta das regiões rurais durante os anos 1980, o fervor religioso - entre outros, o da confissão cristã - vem conquistando espaços nas grandes cidades, em particular no âmbito de uma classe média à procura de valores espirituais como forma de reação ao materialismo dominante. As estatísticas oficiais menosprezam a real importância deste ressurgimento da fé. Segundo as estimativas mais confiáveis de alguns especialistas, a China contaria atualmente entre 40 e 50 milhões de protestantes, além de 10 a 12 milhões de católicos, ou seja, comunidades cristãs que representam cerca de 5% da população. Trata-se de uma parcela ainda muito minoritária, mas que está em processo de expansão.


No caso de Yu Jie, a fé e a política estão intimamente ligadas. Com 35 anos, ele é jovem demais para ter participado da primavera estudantil de 1989 na Praça Tiananmen. Mas o esmagamento, sob as lagartas dos tanques, do sonho democrático nunca parou de assombrá-lo. No decorrer da sua reflexão, a religião foi se impondo como um substituto para um ideal político inacessível. E no contexto desta busca, o cristianismo despontou com a mais sedutora das tentações. "Os valores liberais encontram a sua fonte no cristianismo", analisa. "A tradição chinesa não me satisfaz deste ponto de vista: não é possível encontrar referências à liberdade e aos direitos humanos no confucionismo"*.

Yu Jie leu muito, mergulhou na história da evangelização em terra chinesa, refletiu a respeito dos vínculos entre o cristianismo e a modernidade. Ele conseguiu dimensionar o papel do protestantismo na formação das elites reformistas na China, no início do século 20, a partir dos conhecimentos que ele encontrou, em particular, na obra de Sun Yat-sen (1866-1925), o fundador da República. "Quanto mais eu fui lendo, quanto mais fui descobrindo que a religião cristã havia contribuído para a modernização da sociedade chinesa antes da revolução de 1949", prossegue. "Ora, esta contribuição é totalmente ocultada pelos nossos manuais de história oficiais, que apresentam o cristianismo como o instrumento do imperialismo ocidental".


"Eu acabei alimentando um ódio pela sociedade"

Wang Guangze é um outro representante desses intelectuais neoprotestantes. Um jornalista dissidente, antigo funcionário do "Diário da Lei" e de "Reportagem Econômica do Século 21" - publicações das quais ele foi excluído por conta das suas opiniões democratas -, ele tem a mesma idade que Yu Jie. Da mesma forma que para este último, o trauma de Tiananmen exerceu um papel considerável em sua evolução espiritual. Em maio de 1989, ou seja, antes da repressão do movimento, ele era apenas um colegial na província do Henan, mas havia participado das manifestações de apoio que então haviam tomado conta como uma febre da juventude pelo país afora. A intervenção sangrenta dos tanques na Praça Tiananmen o deixou totalmente "desesperado".

"Eu estava tão desiludido", recorda-se, "que acabei alimentando um ódio pela sociedade, esta sociedade que se tornara a escrava do poder". Após ter concluído seus estudos de direito, ele procura curar-se dessa raiva. As tradições chinesas, como para Yu Jie, não lhe proporcionam o auxílio de que precisa. "O confucionismo se caracteriza por ser um pensamento da elite", critica Wang Guangze, "enquanto o budismo não aponta outra meta senão a de tornar-se um santo". Mas ele segue procurando, lendo, discutindo a respeito dos caminhos da salvação com os seus amigos. O que transforma o cristianismo numa revelação repentina para ele, explica, é a "noção de pecado". Nisso ele descobre - finalmente! - a chave que lhe permite livrar-se da sua execração para com o mundo. "Nós todos somos pecadores", diz. "Não existem pessoas mais nobres do que outras". "Foi assim que apazigüei a minha cólera contra o Partido Comunista", prossegue. "Os comunistas são pecadores assim como eu, mesmo se eles estão a serviço de um sistema que oprime".


Com isso, Wang Guangze torna-se então "tolerante", "moderado", e ele avalia ainda que "é preciso ajudar uns aos outros entre pecadores". Ele fundou uma associação que preconiza a "reconciliação" na China, inspirada no modelo sul-africano.


Fan Yafeng é outro que reencontrou a paz da alma graças a Deus. Um jurista na Academia das Ciências Sociais, ele tinha 20 anos em 1989. Ele havia viajado da sua província do Anhui para Pequim com o objetivo de acompanhar de muito perto a rebelião estudantil. "Depois da repressão, eu acabei ficando totalmente deprimido", recorda-se. "Ao longo de muitos anos, senti-me fraco, frágil, vazio". Ele tenta então aproximar-se do budismo, mas este não oferece respostas para as suas "interrogações a respeito do sentido da vida". No inverno de 1996, surge finalmente a revelação. Um amigo pastor que, por sua vez, havia passado do hinduismo para o protestantismo o convida para assistir ao culto de uma "igreja em domicílio". "Na ocasião, vi pessoas irradiando felicidade, pessoas muito simples, uma cabeleireira, uma empregada de uma companhia de seguros", recorda-se. "O rosto de todas elas estava iluminado". Alguns meses mais tarde, Fan Yafeng é batizado. Enquanto os eventos de 1989 haviam precipitado seus tormentos passados, hoje ele se nega, contudo, a politizar excessivamente sua descoberta da fé: "As nossas igrejas permitem salvar as almas, não a sociedade".


Nem todos os neoprotestantes de Pequim estão imbuídos de uma tão grande beatitude. Um homem de cabelos compridos com madeixas ruivas, Wang Wangwang, é um artista pintor e um célebre criador de cartazes muito requisitado pela vanguarda da capital. Ele se converteu em 2004 porque, apesar dos seus sucessos e da sua boa situação financeira, ele sentia "um vazio espiritual". Quatro anos mais tarde, ele optou por tomar certa distância em relação ao culto. "Eu senti em mim", diz, "uma contradição, um conflito entre certos valores ocidentais vinculados ao cristianismo e os valores chineses dos quais sou portador". Desde então, ele vem se esforçando para "harmonizá-los" entre si. Wang Wangwang sublinha que ele acabou conseguindo alcançar uma "síntese satisfatória". Mas, o preço que ele teve de pagar para tanto foi um processo de desengajamento em relação à "igreja em domicílio" à qual ele havia aderido. Ele prefere "praticar" sozinho, em sua casa, no meio da mais completa bagunça dos seus quadros, nos quais o Cristo é visto disputando espaços com Mao Tse-Tung.


*Nota do tradutor - Confúcio (551 a.C. - 479 a.C.) é considerado como o primeiro "educador" da China; os seus ensinamentos deram origem a uma doutrina política e social.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A GLÓRIA DE PREGAR A BÍBLIA


Embora com quase um mês de atraso, posto, hoje, o texto que achei excelente sobre a obra de João Calvino.

Feliz aniversário, João Calvino. Hoje, 9 de Julho de 2008, celebramos o 499º aniversário de seu nascimento. Sua pregação me inspira a insistir nessa grande e gloriosa tarefa de proclamar a Palavra de Deus.

A biografia escrita em 1975 por T. H. L. Parker diz a razão:

"E, assim, nós o acompanhamos pregando, aos domingos, cento e oitenta e nove sermões em Atos, entre 1549 e 1554; uma série breve em algumas das cartas de Paulo, entre 1554 e 1558; e sessenta e cinco sermões sobre a Harmonia dos Evangelhos, entre 1559 e 1564. Durante esse período, os dias da semana viram séries de sermões em Jeremias e Lamentações (até 1550);
nos Profetas Menores e Daniel (1550-1552); cento e setenta e quatro em Ezequiel (1552-1554); cento e cinqüenta e nove em Jó (1554-1555); duzentos em Deuteronômio (1555-1556); trezentos e quarenta e dois em Isaías (1556-1559); e, então, cento e vinte e três em Gênesis (1559-1561); uma série breve em Juízes (1561); cento e sete em I Samuel e oitenta e sete em II Samuel (1561-1563) e um conjunto de mensagens em I Reis (1563-1564).

Antes de sorrir diante dessa incomum atividade do púlpito, o leitor faria bem em se perguntar o que é preferível: de um lado, ouvir opiniões religiosas de segunda mão sobre ética social ou piedade má condensada, entregue em inglês desleixado – o que se ouvirá na maioria das igrejas de qualquer denominação onde se vá; ou, de outro lado, trezentos e quarenta e dois sermões no livro do profeta Isaías, sermões nascidos de uma paixão infinita de fé e de sinceridade ardente, sermões iluminados com senso teológico, vigorosos com perspicácia e imaginação, revelando compaixão profunda e a inextinguível alegria da esperança. Aqueles em Genebra que ouviam domingo após domingo, dia após dia e não fechavam seus ouvidos,
mas eram “instruídos, admoestados, exortados e confrontados”, receberam um treinamento cristão tal como tinha sido dado a poucas congregações na Europa desde os dias dos Pais Apostólicos".

Obrigado, João Calvino, por acreditar na majestade da Palavra e por demonstrar com sua vida a glória de pregar a Bíblia.

JOHN PIPER
Tradução: Maurício Silva Andrade
Fontes: www.desiringgod.org (em inglês) e http://blog.editorafiel.com.br (traduzida).

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A Igreja Cristã


Charles H. Spurgeon

Fonte: www.monergismo.com


A Igreja de Deus é um jardim, assim chamada no livro de Cantares de Salomão; portanto, sei que não estamos errados em usar esta ilustração. Mas o que representa um jardim?

Em primeiro lugar, ele implica separação.

continue a leitura em:

http://www.monergismo.com/textos/chspurgeon/igreja_crista_spurgeon.htm

sábado, 24 de maio de 2008

Tornando-se Semelhante a Cristo

por Richard J. Foster

Para o cristão, o céu não é uma meta, e sim para onde nos destinamos. A meta é que "Cristo seja formado em você", usando as palavras do apóstolo Paulo (Gl 4:19). Aos Romanos, ele declara, "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29). E aos Coríntios, ele afirma, "todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem" (2 Co 3:18; ênfase adicionada nas três citações). Sendo assim, o ousado objetivo da vida cristã pode ser resumido em sermos formados, conformados e transformados à imagem de Cristo. E o incrível disso tudo é que Jesus Cristo veio como eterno Salvador, Mentor, Senhor e Amigo de seu povo.

Ele que é o Caminho, nos revela o modo de viver para que compartilhemos cada vez mais o seu amor, a sua esperança, as suas emoções e seus hábitos. Ele se ajunta a nós, assim como nos ajuntamos a ele, e nos ensina como viver nossas vidas da mesma maneira que ele viveria se estivesse em nosso lugar.

Precisamos insistir que este estilo de vida é verdadeiramente sustentável quando as opiniões estão em comunhão. Essencial para o nosso crescimento na graça é uma vida em comunidade onde há responsabilidade em amor e para edificação. Ser semelhante a Cristo não é meramente uma obra individual, mais do que isso, emana da comunhão em amor com os irmãos. Nós juntos somos o corpo de Cristo, chamados para cuidarmos uns dos outros em amor. Infelizmente, nos dias atuais, observa-se uma ignorância enorme no modo como alcançamos essa semelhança a Cristo, tanto como indivíduos quanto como comunidade da fé.

Nós carecemos de uma teologia do crescimento. E, por isso, precisamos aprender como "crescer em graça e conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3:18). Em particular, precisamos aprender como cooperar com "os meios da graça" que Deus ordenou para a transformação da personalidade humana. Nossa participação nesses "meios" ordenado por Deus nos capacitará, cada vez mais, a assumirmos o caráter e o estilo de vida de Jesus Cristo.

Quais são esses "meios da graça"? E como os discípulos de Jesus Cristo podem cooperar com esses meios para então se tornarem semelhantes a Cristo?

FORMADOS PELOS MEIOS EXPERIMENTAIS

Deus primeiro faz a obra através das experiências comuns do dia-a-dia para formar o caráter de Jesus em nós. Por meio dessas experiências, nós compreendemos mais afundo que Jesus está sempre conosco, que ele nunca nos deixa nem nos abandona, e que podemos lançar sobre ele toda a nossa ansiedade. E para adicionar, aprendemos que a vida cotidiana é sacramental, e orientação divina é estabelecida, primeiramente, nas conjunturas da vida comum.

Trabalho como sacramento.O fundamento mais importante dessas experiências formadoras de caráter é encontrado no nosso trabalho. O trabalho nos coloca no fluxo da ação divina. Nós somos "sub-criadores", como J. R. R. Tolkien nos recorda. Com isso, não estou me referindo a compartilhar nossa fé ou orar enquanto trabalhamos. Os dois são proveitosos, com certeza, mas me refiro à santidade do trabalho propriamente dito. A medida que nos preocupamos com nossos afazeres, glorificamos a Deus com o próprio trabalho. Quando Martinho Lutero nos apresentou seu ensinamento revolucionário sobre o sacerdócio de todos os crentes, ele se referia não apenas ao fato de que o camponês e a camponesa poderiam exercer a função sacerdotal e litúrgica, mas que o arar o campo e ordenhar eram por si só um sacerdócio.

Se trabalharmos para "o público de Um", descobriremos que Jesus sempre será o nosso companheiro e amigo, independente da posição que ocupemos. Cresceremos em intimidade com Deus e paciência com os outros e experimentaremos o cuidado divino e o seu sobrenatural nas situações mais corriqueiras, como descobrir o defeito da maquina de lavar até encontrar as palavras certas para uma conversa difícil.

Jesus, devemos ressaltar, passou a maior parte de sua vida aqui na terra trabalhando pesado. Ele não esperou até o seu batismo no Rio Jordão para encontrar a Deus. Longe disso! Jesus validou e revalidou a realidade de Deus na carpintaria antes de falar sobre a sua realidade em seu ministério como rabino. "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa", afirma Paulo, "Fazei tudo para glória de Deus" (1 Co 10:31).

Provações que produzem perseverança.Outro meio experimental da graça para a formação da personalidade humana é encontrada nas diversas provações, tribulações e dificuldades que passamos. O apóstolo Tiago exorta, "tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança" (Tg 1: 2-3). Esta "perseverança" é o que os antigos filósofos morais chamaram de "fortitude", e consideraram como uma das virtudes essenciais para uma boa qualidade de vida. Tiago adiciona, "e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma". (1:4).

Às vezes, essas adversidades são extremamente trágicas. A empresa para qual você trabalhou a vida toda pede falência e você fica sem emprego. Sua única filha morre de repente em um acidente de carro. Um pequeno erro cirúrgico lhe custa a perda permanente da visão. Essas são as dores que permeiam a humanidade.

Porém, na maior parte das vezes, as provações que enfrentamos são mais comuns do que esporádicas. Seu superior no escritório comete um erro que o coloca em uma situação delicada. Seu filho quebra a janela do vizinho brincando com uma arma de chumbinho. Você se sente traído por uma pessoa que costumava ser seu melhor amigo.

Contudo, por meio da graça, até isso produz perseverança em nós, e aprendemos algo sobre a paciência cósmica de Deus. Nós entendemos o tempo e os caminhos de Deus como sendo bons. Tornamos-nos, segundo George Fox, homens e mulheres "confirmados".

Provações, tribulações e perseguições são esperadas. Fazem parte da vida, do nosso discipulado cristão, "E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2 Tm 3:12). O importante é como somos moldados e formados cada vez mais a imagem de Cristo por meio dessas experiências.

O mover do Espírito.Outra forma dos meios experimentais da graça de Deus provém da nossa interação com o mover do Espírito Santo em nossos corações. Você já sentiu o mover e o encorajamento do Espírito? Provavelmente não foi audível, embora não possamos descartar esta possibilidade. É mais provável que você tenha sentido o peso e a autoridade que emanam da comunicação divina. A clareza da Palavra da Verdade é inconfundível. Coincide com a verdade revelada por Deus nas Escrituras, pois o mesmo Espírito que as inspirou está trabalhando em você.

Com freqüência, o Espírito vem a nós como um Mentor. Talvez através de uma simples palavra de confiança e carinho: "Você é amado de modo à nunca duvidar". Talvez existam áreas necessitando de seu exame minucioso. Talvez haja instrução na verdade. A essência está em nossa reação e interação com os ensinamentos cheios da graça de Deus. Podemos endurecer os nossos corações e nos afastarmos da luz. Contudo, a paciência e o amor de Deus nos vencem, então, nos arrependemos e nos voltamos para a luz. Podemos argumentar, debater e questionar sem parar até conseguirmos ver a bondade da justiça. No processo, Deus está nos moldando, formando em criaturas condutoras de seu grandioso amor; criaturas que conseguem reter a bondade de Deus sem ficarem completamente exauridas com isso.

Em outras ocasiões, o Espírito opera como conselheiro e orientador. Podemos receber palavras proféticas para compartilhar e, então, com temor e tremor o fazemos em nossos encontros de adoração. Entretanto, a experiência é tão animadora que nos empolgamos e falamos mais do que deveríamos. Daí, percebendo o nosso erro, lamentamos a nossa desobediência, sabendo que as palavras que proferimos não podem ser remediadas. A todo tempo estamos aprendendo a distinguir as palavras de vida do Espírito das palavras de morte da carne. Percebemos que as palavras provenientes da nossa carne logo se esvaem e que apenas o debar Yhwh, a palavra do Senhor, permanece, ai sim, começamos a valorizar essas maravilhosas palavras de vida.

Todas essas experiências, tão variadas e diversas como a própria vida, têm a intenção de nos aprofundar e nos fazer chegar à semelhança de Cristo. E isso acontece quando somos dóceis de coração. Deus utiliza a dinâmica do dar e receber de nossa interação com ele e planta dentro de nós, lá dentro do coração, hábitos de fidelidade com alegria e voluntária rendição, de fiel obediência e paciente perseverança.

CONFORMADOS PELOS MEIOS FORMAIS

Os meios formais da graça referem-se às familiares disciplinas da vida espiritual, tais como: oração, estudo, jejum, solidão, confissão, celebração, entre outros. Eu chamo esses meios de "formais" porque envolvem meios formais na preparação de nossas vidas para o treinamento da vida espiritual. Temos de entender que nunca atingiremos hábitos e caráter semelhantes aos de Cristo sem uma intensa e consistente ação de nossa parte.

Agora, precisamos explicar com veemência que essas ações não nos tornam aceitáveis para Deus. Somos aceitos e justificados pela graça somente. As disciplinas preparam o terreno desta ação. São exercícios espirituais através dos quais levamos o nosso "mundinho" individualizado, ou corpo humano, e apresentamos a Deus como sacrifício vivo (Rm 12:1).

Atletas de Deus. Essas disciplinas espirituais realmente treinam o corpo, a mente e o espírito para as coisas de Deus. "Exercita-te a ti mesmo na piedade", afirma Paulo (1 Tm 4:7). O cenário para o chamado de Paulo é o ginásio grego onde atletas treinavam para participarem dos jogos. E cristãos do primeiro século se autodenominaram athletae Dei, os atletas de Deus.

Nós temos encravados em nossos corpos e em nossas mentes maus hábitos que permeiam toda a vida humana. Nossos corpos e mentes necessitam de disciplina apropriada para serem libertos destes costumes destrutivos e conseguirem entrar em harmonia com o nosso espírito.

É importante distinguir "treinamento" de "tentativa". Eu posso me esforçar para ganhar a maratona, mas se não tiver treinado, não conseguirei terminar a corrida, que dirá vencer. Sem treinamento, os recursos não estão ausentes apenas nos músculos, mas em toda estrutura do meu corpo. No dia da corrida, a quantidade de tentativas representará o insucesso do treinamento. É o treinamento que nos capacitará a participar de modo eficaz da corrida. O mesmo acontece com a nossa vida espiritual. O treinamento constrói hábitos interiores dentro de nós, "costumes santos".

Vencendo o orgulho.Suponhamos que eu anseie muito vencer o meu orgulho (eu entendo que hoje as pessoas não estão muito preocupadas com o orgulho, mas especialistas sempre viram isso como um dos pecados mais destrutivos). Eu nunca conseguirei derrotar o orgulho com "tentativas". Atacar o orgulho apenas me fará orgulhoso da minha humildade! Não, eu preciso treinar. Então, o que eu faço?

Bem, quando eu li os grandes autores da alma como, por exemplo, São Bento em "12 Passos de São Bento à Humildade", descobri que fui chamado para lidar com o orgulho exercitando o servir. Por quê? Porque o serviço nos leva através das várias pequenas mortes para irmos além de nós mesmos. Um pai, por exemplo, mortifica o desejo de assistir ao jogo de futebol para brincar com o seu filho. Um marido mortifica uma promoção no trabalho onde ele seria transferido para que a esposa tenha a oportunidade de exercer sua profissão.

Estas são verdadeiramente pequenas mortes. Porém, cada uma delas nos leva além e Deus se utiliza desse servir para operar o milagre em nós. Por meio do serviço aos outros aprendemos quão preciosas são as pessoas. Nós começamos a valorizá-las como pessoas, nos deleitando até em suas idiossincrasias. Tudo isso endireita os nossos relacionamentos com os outros. "Eu" e "meu" dão lugar a "nós" e "nosso". Conseguimos nos ver como parte de um todo.

Se, pra completar, eu lesse o "Chamado Sério" de William Law ou os "12 Graus da Humildade e do Orgulho"de São Bernardo, ficaria ciente da importância da adoração como uma disciplina que nutre a humildade. Uma vez que começo a ver a Deus como elevado e exaltado, a ouvir os querubins e serafins louvando a Ele e todos os exércitos celestiais lançando suas coroas diante do trono, cantando, "Digno és", vejo a Deus pela perspectiva apropriada (Ap 4: 9-11). Entendo que tudo que sou, tudo que tenho, tudo que faço é conseqüência. Não sou o dono da minha salvação, nem mestre do meu destino. Longe disso, sou completa e radicalmente dependente de um Pai de amor que me traz a chuva e o sol quando necessito e em quem eu vivo, me movimento e tenho o meu ser. E você também.

Isto, no tempo de Deus e do modo dEle, produz um equilíbrio agradável em nossas vidas para que a humildade seja tão natural e sem dificuldade para nós quanto é respirar.

Um Cardápio de Disciplinas.Eu já mencionei as disciplinas de serviço e de adoração. Existem muitas outras.

Disciplinas interiores, como a meditação, oração, jejum e estudo conduzem o nosso coração e a nossa mente para o caminho de Cristo. Meditação é a habilidade de ouvir a voz de Deus e obedecer a sua palavra. Oração é diálogo constante com o Pai sobre o que nós, e Ele, estamos fazendo juntos. Jejum é abdicar voluntariamente de uma atividade corriqueira com o propósito de uma atividade espiritual intensa. Estudo é o processo pelo qual conformamos a mente àquilo que estamos nos concentrando.

Disciplinas exteriores, como simplicidade, solidão e submissão conduzem os nossos apetites para o caminho de Cristo. Simplicidade é uma realidade interna de focar em Deus que resulta em um estilo de vida externo livre de "pesos", como afirma William Penn. Solidão envolve criar um lugar aberto e desocupado para Deus, que enfraqueça todo o sistema de apoio falso que usamos para aportar nossas vidas. Submissão é a habilidade de renunciar o jugo eterno da necessidade de fazer as coisas do nosso jeito.

Disciplinas corporativas, como confissão, orientação e celebração conduzem nossas afeições para o caminho de Cristo. Confissão é a graça por onde o pecado e as tristezas do passado são perdoados. Orientação é a experiência de conhecer o regulamento teocrático de Deus sobre nossas vidas. Celebração é ser, como disse Agostinho, "um aleluia da cabeça aos pés!".

Bem, eu não possuo uma lista completa de disciplinas espirituais e, até onde sei, não há tal lista. Estamos apenas descobrindo modos de colocar quem somos - corpo, mente e espírito - diante de Deus. Tudo isto, devo ressaltar, flui da disposição apropriada do coração: buscar primeiramente o reino de Deus, ter fome e sede de justiça e ansiar por ser como Cristo.

Fazer essas coisas para que outros vejam é uma falha no entendimento de que as disciplinas não têm mérito algum em si. Elas não nos endireitam com Deus, nem melhoram a nossa posição com Ele. O que todas as disciplinas da vida espiritual fazem, é nos colocar diante de Deus. Nesse momento, chegamos ao fim da linha. E tudo bem. Deus toma essa simples oferta, imperfeita e equivocada, e a utiliza para construir em nós virtudes e graças que nem conseguimos imaginar, nos conformando, sempre, a imagem de Cristo.

TRANSFORMADO PELOS MEIOS INSTRUMENTAIS

Os meios instrumentais da graça referem-se a vários instrumentos físicos e humanos que Deus usa para nos transformar. Ele em sua grande sabedoria escolheu livremente mediar sua vida à nós por meio de realidades visíveis. Este é um grande mistério. Deus, que é puramente Espírito, completamente livre de todas as limitações existentes, inclina-se às nossas fraquezas e muda-nos por meios físicos e visíveis.

Muitos e variados são os meios instrumentais. Batismo é o meio da graça pelo qual somos enterrados na morte de Cristo e ressuscitados em sua vida. Pregação é o meio da graça pelo qual "o sacramento da Palavra" nós é dado, e os próprios ministros de Cristo são os elementos vivos de alma quebrantada e derramada nas mãos de Cristo. Imposição de mãos é o meio da graça por onde Deus nos transmite o que desejamos ou precisamos, ou o que Ele, em sua sabedoria, sabe ser o melhor para nós. Unção com óleo é o meio da graça pela qual Deus usa livremente a habilidade humana para pronunciar sua vontade na terra assim como é no céu.

Transformados pelas Escrituras.Provavelmente, não há meios instrumentais mais transformadores do que ler, estudar e meditar nas Escrituras. A leitura regular da bíblia alcança as emoções, o estudo sistemático da bíblia alcança a mente e a meditação constante na Bíblia alcança a alma.

Quando lemos as Escrituras, nós adquirimos uma visão de mundo, ficamos imersos na "historia santa". Na leitura sobre a interação de Deus com Abraão e Rute, Maria e Paulo, entendemos como Ele lida conosco. A leitura de partes inteiras de uma vez só como, por exemplo, Jeremias, João ou Romanos, nos proporciona uma percepção maior do mundo invisível. Com Abraão, começamos buscando uma "cidade que tem os fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus" (Hb 11:10). Com Maria, confessamos: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra" (Lucas 1:38). Com Paulo, conseguimos "prosseguir para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3:14).

Através deste processo a Bíblia torna-se "por completo a sua autobiografia", usando as palavras de Alexander Whyte. Enquanto estudamos as Escrituras, buscamos a intenção do Autor, procurando o sentido do texto. Gramática, história, geografia e pesquisa intensa são todos vitais na nossa busca da Palavra de Deus escrita. Submetemo-nos aos resultados dos nossos estudos, pois queremos o que a Bíblia diz mais do que aquilo que queremos dizer.

Enquanto estudamos os 10 Mandamentos, por exemplo, descobrimos pela pesquisa histórica que se equipara muito as formas como os tratados eram estipulados no Oriente da antiguidade, onde os senhores falam de sua maravilhosa graça e misericórdia aos vassalos e, em agradecimento, estes concordam com as estipulações da aliança em obediência aos senhores. Graça vem antes da obrigação! De repente, as palavras de Deus ao povo de Israel assumem proporções bem maiores: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Ex 20:2). O estudo coloca a mente em conformidade com os meios e a natureza de Deus.

Na meditação das Escrituras, coração e alma são ainda mais moldados ao amor de Deus. "Como purificará o jovem o seu caminho?", clama o salmista e, então, responde sua própria pergunta: "Observando-o de acordo com a tua palavra" (Sl 119:9). Reflexão constante das Escrituras, neste caso o Torá, manterá o nosso caminho puro, especialmente pela purificação das aspirações da alma.

Recebemos força nova. Quando meditamos, por exemplo, nas surpreendentes palavras de Jesus, "Minha paz vos dou" (João 14:27), somos batizados na realidade desta passagem. Ficamos abismados com a verdade de que, agora, ele nos enche de sua paz. A alma e o espírito despertam para sua recém-chegada paz. Sentimos todos os impulsos de medo e raiva sendo aquietados pelo "espírito de poder, de amor e de moderação" (1 Tm 1:17). E o resultado da graça: um coração pronto para receber o amor de Deus, "Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha meditação o dia todo... Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! mais doces do que o mel à minha boca". (Sl 119: 97, 103)

A Ceia do Senhor.Um evidente meio instrumental da graça: o pão e o vinho da Santa Ceia. Apesar da nossa posição teológica sobre a Eucaristia, todos nós concordamos que, mesmo sem compreender completamente, a vida de Deus nos é apresentada por meio do pão e do vinho. Nós ficamos maravilhados com a realidade desta encarnação.

Porém, como a nossa participação na celebração da Eucaristia nos torna semelhante a Cristo? Bem, primeiramente, quase todos os aspectos da devoção do coração são encontrados à mesa do Senhor: exame, arrependimento, pedidos, perdão, contemplação, ação de graças, celebração, e mais. A genuína devoção do coração sempre produz transformação de caráter. A Eucaristia é a ação moral mais importante da igreja, por que a sua celebração nos incorpora a sempre presente história da obra redentora de Deus.

Também, a Ceia do Senhor gera transformação interior de maneira que nos força a sempre retornar ao Grande Sacrifício: o corpo de Jesus partido e seu sangue derramado. É assim que vivemos. É assim que nos fortalecemos. É assim que nos fortificamos. Todos nós chegamos ao culto de Santa Ceia fazendo a oração do filho, a oração de recebimento. Chegamos de mãos abertas e vazias. Não temos nada para oferecer. Tudo que conseguimos é receber. Cada um de nós se aproxima da mesa declarando "Assim como sou, sem nenhuma desculpa, senão que o Teu sangue foi derramado por mim". O resultado é toda a graça, e nada de nós. Transformação de coração. Fé. Esperança. Amor. Uma simplicidade surpreendente que está livre de manipulação, influência e manobras.

As "mãos vazias" nos levam de volta a graça de onde começamos. E que graça transformadora! É uma graça que não nos leva ao céu apenas quando morremos, mas nos leva ao céu aqui e agora. É uma graça que está continuamente nos formando, conformando e transformando a semelhança de Cristo. A única resposta adequada para está "graça maravilhosa" é a doxologia.

créditos para http://www.renovare.org.br

sábado, 17 de maio de 2008

Evolução: A Anti-Ciência



Dr. Jason Lisle

Tradução de Marcelo Herberts

Fonte: www.monergismo.com


Alguns evolucionistas têm defendido que a ciência é impossível sem a evolução. Ensinam eles que ciência e tecnologia, para que funcionem, de fato exigem os princípios da evolução nos termos de moléculas-até-o-homem.

Afirmam que as pessoas que mantêm uma cosmovisão da criação bíblica estão em risco de não serem capazes de entender a ciência!

Os pensadores críticos perceberão que argumentos como estes são muito irônicos, pois a evolução é realmente contrária aos princípios da ciência. Isto é, se a evolução fosse verdadeira, o conceito de ciência não faria sentido.

A ciência de fato requer uma estrutura de criação bíblica para ser viável. Eis as razões:

continue a leitura em:
http://www.monergismo.com/textos/criacao/evolucao-anti-ciencia_Jason-Lisle.pdf

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ele é Precioso - Charles Haddon Spurgeon

"Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular" (1Pe 2.7)

Como todos os rios correm para o mar, assim todos os deleites centram-se em nosso Amado. O fulgor de Seus olhos brilha mais que o sol: as belezas de Sua face são mais formosas do que as seletas flores: nenhuma fragrância é semelhante ao sopro de Sua boca. Pedras preciosas da mina, e pérolas do mar, são coisas desprezíveis quando mensuradas com Sua preciosidade. Pedro conta-nos que Jesus é precioso, mas ele não contou e nem nos poderia contar quão precioso Ele é; nem o pode qualquer um de nós computar o valor do dom inefável de Deus. Palavras não podem expor a preciosidade do Senhor Jesus para o Seu povo, nem contar completamente quão essencial Ele é para a satisfação e felicidade deles. Crente, você não encontraria no meio da abundância uma severa fome se nosso Senhor tivesse sido ausente?

O sol estaria brilhando, mas Cristo tendo Se ocultado, todo o mundo seria negro para você; ou seria noite, e desde que a brilhante estrela da manhã se foi, nenhuma outra estrela poderia interessar você tanto como um raio de luz. Que deserto de lamento é este mundo sem nosso Senhor!

Se uma só vez Ele se ocultasse de nós, murchariam as flores de nosso jardim; nossos agradáveis frutos decairiam; os pássaros suspenderiam seus cânticos, e a tempestade derrubaria nossas esperanças. Todos os candeeiros da terra não podem fazer a luz do dia do Sol da Justiça ser eclipsada. Ele é a alma de nossa alma, a luz de nossa luz, a vida de nossa vida.

Querido leitor, o que farias tu no mundo sem Ele, quando tu despertasses e visses à frente o dia da batalha? O que farias tu à noite, quando tu voltasses para casa, esgotado e cansado, se não houvesse nenhuma porta de comunhão entre ti e Cristo?

Bendito seja Seu nome, Ele não sofreu por nós para tentar nosso destino sem Ele, porque Cristo nunca abandona o que é Seu.

Todavia, permita o pensamento de que vida existiria sem Ele, ressaltando assim Sua preciosidade.


 

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto (www.monergismo.com)


 

quarta-feira, 19 de março de 2008

QUE DEVEMOS PENSAR DO COMUNISMO? JOAHANNES GEERHARDUS VOS


Segundo o que a Bíblia ensina, o comunismo é errado a princípio. Não é errado meramente em alguns de seus aspectos ou práticas, ou por causa dos abusos a ele associados, mas é errado e maligno na sua idéia fundamental. Se pudéssemos imaginar um “perfeito” estado de comunismo, em que não houvesse tirania, campos de concentração, polícia secreta, propaganda política, nem censura de informações, ele ainda seria inerentemente pecaminoso e maligno. O capitalismo viola a lei moral de Deus pelos males e abusos a ele vinculados; o comunismo viola a lei moral de Deus por sua própria natureza e idéia fundamental. O princípio do comunismo é a posse coletiva da propriedade imposta pelo Estado. Isso pressupõe que a posse particular do indivíduo é um mal que só pode ser tolerado em pequena escala, como uma concessão à natureza humana. Isso é contrário à Bíblia, que ensina que a propriedade privada é um direito dado por Deus. O ser humano individual, como portador da imagem de Deus, deve ter o direito à propriedade privada e a aquisição de riqueza, se for para desenvolver a sua personalidade conforme o propósito de Deus e para O glorificar plenamente na sua relação com o seu ambiente. A imagem de Deus no homem abrange a implicação de que o homem deve ter o domínio sobre a Terra (Gn 1.27-28); mas o homem é essencialmente um indivíduo, com alma e consciência individuais, com competências e habilidades individuais, com esperança e desejos individuais. O comunismo procura fundir o indivíduo à massa da humanidade e isso envolve o sacrifício do elemento essencial da personalidade do homem, como portador individual da imagem divina e mordomo de Deus com domínio sobre uma parcela da criação de Deus. O comunismo assume que o indivíduo existe por causa da massa, da sociedade, mas isso é contrário à Palavra de Deus, a qual nos ensina que a sociedade e todas as instituições sociais existem por causa do indivíduo, para que ele possa alcançar o propósito divino da sua vida e assim glorificar a Deus. É o indivíduo quem possui uma alma mortal, uma consciência e a capacidade para a comunhão com Deus. Essas coisas sobreviverão a esse mundo e existem para sempre. São elas que dão dignidade e valor reais à vida humana. Qualquer sistema que considere o ser humano individual como sem importância e busca amalgamá-lo à massa supostamente pelo bem-estar da “sociedade” é fundamentalmente errado e anticristão. Isso se aplica tanto à propriedade coletiva compulsória quanto às outras subversões da individualidade da personalidade humana.
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Tradução: Marcos Vasconcelos. Recife - PE, 2006.
Fonte: Comentário ao Catecismo Maior de Westminster, p.141,3. Ed. Os Puritanos