domingo, 18 de novembro de 2007

Calvinismo, Capitalismo e Socialismo

Estou inserindo abaixo o link para um artigo do Presbítero Solano Portela, da IPB, postado em seu blog, com o nome de "Weber, Calvino e o estigma do capitalismo", onde tece breves comentários acerca da teoria de Max Weber sobre a relação do capitalismo com o calvinismo.

Faz, ainda, rápidas considerações acerca do capitalismo e do socialismo, vistos pelo enfoque bíblico.

Creio que dispensa comentários de minha parte, apenas afirmo que concordo em gênero, número e grau com o autor.
No amor dAquele que nos amou e nos elegeu desde a eternidade,
Nelson Calmon

Mais uma coisa: leia sem preconceitos...

domingo, 4 de novembro de 2007

Ainda sobre Lutero: AS 95 TESES



As 95 Teses afixadas por Martinho Lutero na Abadia de Wittenberg a 31 de outubro de 1517, fundamentalmente "Contra o Comércio das Indulgências":

Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade, discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. Padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito.

Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1. Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: "Arrependei-vos" etc., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.

2. E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como se referindo ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3. Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de mortificações da carne.

4. Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5. O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6. O papa não pode perdoar dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7. Deus a ninguém perdoa a dívida sem ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8. Canones poenitendiales, que são as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas são impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9. Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluindo este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema.

10. Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem os moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11. Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, previstas pelas cânones ou estatutos, em penitência ou apenas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12. Outrora canonicae poenae, ou seja penitência e satisfação por pecados cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidades de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13. Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça de sua imposição.

14. Piedade ou amor imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15. Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras coisas, bastam para causar o tormento e horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16. Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17. Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18. Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas razões e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram for a da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19. Ainda não parece ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós teremos absoluta certeza disto.

20. Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras "perdão plenário de todas as penas" que todo o tormento é perdoado, mas apenas as penas por ele impostas.

21. Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.

22. Com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23. Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24. Assim sendo, a minoria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25. Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura de almas tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26. O papa faz muito bem em não conceder o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27. Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa, a alma se vai do purgatório.

28. Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro, cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29. E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que suceder com Santo Severino e Pascoal.

30. Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31. Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32. Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.

33. Há que acautelar-se muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dádiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34. Tanto assim, que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35. Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36. Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37. Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38. Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39. É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40. O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo; mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41. É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42. Deve-se ensinar aos cristãos, não ter pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43. Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44. É que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais segura e livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa, mas provoca a ira de Deus.

46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura, fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47. Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada.

48. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa de que de dinheiro.

49. Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüências delas, se perde o temor de Deus.

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seus, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgência, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52. Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53. São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54. Esperar ser salvo mediante breves de indulgências é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55. A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionadas e nem suficientemente conhecidos na Igreja de Cristo.

57. Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a este não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58. Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59. São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60. Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que este tesouro são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61. Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros

64. Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabidamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65. Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66. Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores com ao mais sublimes graça decerto assim são considerados porque lhes trazem grandes proventos.

68. Nem por isso semelhante indulgência não deixa de ser a mais íntima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69. Os bispos e sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.

70. Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71. Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72. Quem se levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73. Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74. Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75. Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

76. Bem ao contrário, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular no que diz respeito à culpa que constitui.

77. Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar São Pedro e o papa.

78. Em contrário, dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederem, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes, o dom de curar, etc., de acordo com o que diz I Coríntios 12.

79. Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80. Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81. Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82. Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para construção da catedral de São Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante insignificante?

83. Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou prebendas oferecidos em favor dos mortos, visto ser injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84. Ainda: Que nova piedade de Deus e do papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85. Ainda: Por que os cânones de penitência, que de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgências como se continuassem bem vivos e em vigor ?

86. Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é a mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de São Pedro de seu próprio bolso em vez de fazê-lo com o dinheiro de fiéis pobres?

87. Ainda: Que ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste direito à indulgência plenária?

88. Afinal: que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como já o fez cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89. Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes ?

90. Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91. Se a indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92. Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há paz.

93. Abençoados seja, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.

94. Admoestem-se os cristãos a que se empenham em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95. E assim esperem mais entrar no reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.

MARTIN LUTHER (am 31. Oktober 1517)

sábado, 3 de novembro de 2007

LUTERO: O FILME




No 490º aniversário da Reforma Protestante, vale a pena ler a resenha abaixo do filme "LUTERO". E, depois, assista pela primeira ou n-ésima vez. No mínimo é uma excelente aula de história. Fique na paz do Senhor da história,



Nelson Calmon


LUTERO: O FILME
Este artigo pretende mencionar, de maneira sucinta, alguns dos principais momentos do filme LUTERO, recentemente lançado no Brasil. Para àqueles que se interessarem pelo assunto, vale a pena conferir o filme, apresentado sem grandes alardes por parte da mídia nacional. Afinal o Brasil é um dos maiores países onde a religião predominante é o catolicismo. Talvez seja também por esta razão que os cinemas não "arriscaram" em divulgá-lo com tanta veemência, como tem feito em outros gêneros. É importante não esquecermos que as informações mencionadas a seguir, estão completamente embasadas no filme.
Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Em sua primeira missa, Lutero obteve um desequilíbrio emocional. Na verdade, dúvidas que pairavam em sua mente, começaram a ganhar força. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação, como veremos a seguir:


A visão de Lutero Quanto as Indulgências da Igreja Católica
Lutero doutorado em teologia, embora tentasse, não conseguia compreender alguns dogmas da Igreja para com seus súditos. Como por exemplo, a "oferta" de indulgências aos fiéis, em torça da salvação de suas almas do purgatório. Lutero fora para Roma conhecer de perto o centro do Catolicismo. Diante de uma enorme fila para ficar de frente o crânio do João Batista, exposto no interior da Capela Sistina. Depois de ficar por um momento diante de tal imagem, Lutero envolveu-se em outra fila, diante de uma enorme escadaria, neste lugar, qualquer fiel que tivesse interesse em livrar ou amenizar seus pecados, encurtar sua passagem pelo purgatório, deveria pagar um determinado valor. O procedimento era depositar moedas na caixa dos clérigos, distribuídos em uma enorme bancada estabelecida ao lado da escadaria. Lutero encarou tal "desafio" tendo de rezar uma determinada oração a cada degrau, até o topo. Quando Lutero depositou a moeda, um clérigo lhe disse: "seu avô agora será livre do purgatório, suba e reze a cada degrau". Quando Lutero chegou ao topo da escadaria, deparou-se com outras imagens que trariam "benefícios espirituais" para aqueles que às adquirisse.


Lutero Volta de Roma
Martin Lutero voltou de Roma, logo depois de presenciar o "comércio de indulgências" oferecido pela Igreja Católica, aos fiéis. Completamente decepcionado com a postura da Igreja, Lutero sentia-se atormentado pelo Diabo, e, em várias oportunidades acreditava que poderia conversar com o Diabo. Lutero passou a estar convicto de que a Igreja comportava-se de um modo não harmonioso com os dizeres expressos na Palavra de Deus. Quando suas indagações atingiam momentos críticos em sua cabeça, ele costumava (geralmente madrugada a dentro) "conversar" com o Diabo, condenando-o por querer lhe provocar por meio de tentações constantes, em detrimento de sua postura frente à procura pela "verdade". Lutero refletiu muito quando voltara de Roma, onde pode visualizar com seus próprios olhos cenas polêmicas referentes às atuações dos "representantes de Deus". Martin identificou, por exemplo, a existência de prostíbulos "específicos" para monges, centenas de pessoas entregando o pouco que possuíam para seu sustento em nome da "salvação" pregada pelos lideres católicos.


Lutero segundo o Príncipe Frederico
Fundador da Universidade, Frederico III sempre mostrou admiração por Lutero, talvez por sua enorme habilidade e dedicação presente em suas aulas, seja também por meio de seu profundo conhecimento teólogo, etc. O Príncipe defendeu e protegeu Lutero mesmo em momentos delicados de sua vida, como veremos adiante. Outro aspecto elogiado com referência a Lutero, condizia com sua coragem presente em sua trajetória de indagações à Igreja Católica.


A Visita de Tetzel em Wittenberg
Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa.


As 95 Teses de Lutero
Logo após a conclusão das 95 teses, Lutero pregou-as pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material. Essas teses estavam compostas de algumas dimensões conceituais, conforme vemos abaixo:
Teses aceitáveis ao Catolicismo
Teses demagógicas
Teses que supõem o conceito luterano de justificação
Teses que procuram reconhecer o magistério do Papa
Teses que denotam termos sarcásticos


Lutero e o Papa Leão X
Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente.


"Julgamento" das 95 Teses de Lutero
Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Lutero ficou escondido em nos arredores da Universidade, foi também neste momento que Lutero tomou a decisão de traduzir a Bíblia para a língua alemã.


Lutero Traduz a Palavra de Deus em Língua Alemã
Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado.


O Impacto da Postura de Lutero na Alemanha
Matin Lutero sem dúvida, provocou uma verdadeira reforma religiosa, inclusive na Alemanha. Muitos acompanharam suas idéias e deixaram para trás as doutrinas "sugeridas" pela Igreja Católica. Houve grandes confrontos entre protestantes e católicos, inúmeras pessoas morreram. A Catedral de Wittemberg não escapou da devassa dos revoltosos. Lutero pôde presenciar os estragos após a "guerra santa" em Wittemberg desencadeada e liderada por seu amigo professor da Universidade. Martin jamais admitira que o ocorrido fora em conseqüência do que ele pregava. Pois suas ideologias estavam, segundo ele, embasadas no verdadeiro amor de Cristo não em desrespeito, violência e revolta.


O Casamento de Lutero com Katharine
Logo após o conflito, algumas Freiras fugiram duma cidade distante com destino a Enfurt. Uma delas era Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Katharine foi além, casou-se com Martin e teve filhos. Tal fato, desafiando mais uma vez os líderes católicos. A "cúpula" que compunha o reinado de Carlos V deu total apoio negando-se a condenar Lutero com o herege, foi uma verdadeira vitória para aqueles que apoiavam as idéias luteranas.


Conclusões
Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Após seu casamento, ele ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos. Muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam na sociedade alemã e em todo mundo.
Recomendo para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da vida deste corajoso protestante, a assistirem "LUTERO". Um filme que está disponível nas melhores locadoras do país.


Em tempo, podemos nos perguntar, conforme mencionamos no início deste artigo. Porque será que esta obra cinematográfica não vivenciou o mesmo processo de divulgação como em outros "sucessos" das "telonas"? Descubra você mesmo.


Escrito por: CRISTIANO CATARIN (22-abril-2005)
Acessado em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=698 (03-nov-2007)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Mensagem de John Stott em Keswick - Inglaterra

O inglês John Stott nasceu em 27 de abril de 1921. Foi um agnóstico até 1939, quando se converteu ao cristianismo evangélico, tendo sido ordenado pela Igreja Anglicana em 1945.

Stott tornou-se mais conhecido depois do Congresso de Lausanne, em 1974, quando se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral. É um dos líderes evangélicos mais respeitados do mundo na atualidade e, tem sido padrão e modelo para milhares de pastores e teólogos. Escreveu cerca de 40 livros, entre os quais Ouça o Espírito, ouça o mundo (ABU), A cruz de Cristo (Vida) e Por que sou cristão (Ultimato).

Hoje, com 85 anos de idade, Stott vive numa casa de repousa no sul da Inglaterra. No entanto, suas mensagens continuam claras, objetivas e bem sintonizadas com a realidade na qual vivemos. O texto abaixo merece ser lido e relido.

"O Paradigma: Tornando-nos Mais Semelhantes a Cristo"

Dr. John Stott

Sermão pregado na Convenção de Keswick – UK, em 17 de julho de 2007

Lembro-me muito claramente de que há vários anos, sendo um cristão ainda jovem, a questão que me causava perplexidade (e a alguns amigos meus também) era esta: Qual é o propósito de Deus para o seu povo? Uma vez que tenhamos nos convertido, uma vez que tenhamos sido salvos e recebido vida nova em Jesus Cristo, o que vem depois? É claro que conhecíamos a famosa declaração do Breve Catecismo de Westminster: "O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre". Sabíamos disso e críamos nisso. Também refletíamos sobre algumas declarações mais breves, como uma de apenas sete palavras: "Ama a Deus e ao teu próximo". Mas de algum modo, nenhuma delas, nem outra que pudéssemos citar, parecia plenamente satisfatória. Portanto, quero compartilhar com vocês o entendimento que pacificou minha mente à medida que me aproximo do final de minha peregrinação neste mundo. Esse entendimento é: Deus quer que seu povo se torne semelhante a Cristo. A vontade de Deus para o seu povo é que sejamos conformes à imagem de Cristo.

Sendo isso verdade, quero propor o seguinte: em primeiro lugar, demonstrarmos a base bíblica do chamado para sermos conformes à imagem de Cristo; em segundo, extrairmos do Novo Testamento alguns exemplos; em terceiro, tirarmos algumas conclusões práticas a respeito. Tudo isso relacionado a nos assemelharmos a Cristo.

Então, vejamos primeiro a base bíblica do chamado para sermos semelhantes a Cristo. Essa base não se limita a uma passagem só. Seu conteúdo é substancial demais para ser encapsulado em um único texto. De fato, essa base consiste de três textos, os quais, aliás, faríamos muito bem em incorporar conjuntamente à nossa vida e visão cristã: Romanos 8:29, 2 Coríntios 3:18 e 1 João 3:2. Vamos fazer uma breve análise deles.

Romanos 8:29 diz que Deus predestinou seu povo para ser conforme à imagem do Filho, ou seja, tornar-se semelhante a Jesus. Todos sabemos que Adão, ao cair, perdeu muito — mas não tudo — da imagem divina conforme a qual fora criado. Deus, todavia, a restaurou em Cristo. Conformar-se à imagem de Deus significa tornar-se semelhante a Jesus: O propósito eterno de predestinação divina para nós é tornar-nos conformes à imagem de Cristo.

O segundo texto é 2 Coríntios 3:18: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito". Portanto é pelo próprio Espírito que habita em nós que somos transformados de glória em glória — que visão magnífica! Nesta segunda etapa do processo de conformação à imagem de Cristo, percebemos que a perspectiva muda do passado para o presente, da predestinação eterna de Deus para a transformação que ele opera em nós agora pelo Espírito Santo. O propósito eterno da predestinação divina de nos tornar como Cristo avança, tornando-se a obra histórica de Deus em nós para nos transformar, por intermédio do Espírito Santo, segundo a imagem de Jesus.

Isso nos leva ao terceiro texto: 1 João 3:2: "Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é". Não sabemos em detalhes como seremos no último dia, mas o que de fato sabemos é que seremos semelhantes a Cristo. Não precisamos saber de mais nada além disso. Contentamo-nos em conhecer a verdade maravilhosa de que estaremos com Cristo e seremos semelhantes a ele, eternamente.

Aqui há três perspectivas: passado, presente e futuro. Todas apontam na mesma direção: há o propósito eterno de Deus, pelo qual fomos predestinados; há o propósito histórico de Deus, pelo qual estamos sendo transformados pelo Espírito Santo; e há o propósito final ou escatológico de Deus, pelo qual seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Estes três propósitos — o eterno, o histórico e o escatológico — se unem e apontam para um mesmo objetivo: a conformação do homem à imagem de Cristo. Este, afirmo, é o propósito de Deus para o seu povo. E a base bíblica para nos tornarmos semelhantes a Cristo é o fato de que este é o propósito de Deus para o seu povo.

Prosseguindo, quero ilustrar essa verdade com alguns exemplos do Novo Testamento. Em primeiro lugar, creio ser importante que nós façamos uma afirmação abrangente como a do apóstolo João em 1 João 2:6: "Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou". Em outras palavras, se nos dizemos cristãos, temos de ser semelhantes a Cristo. Este é o primeiro exemplo do Novo Testamento: temos de ser como o Cristo Encarnado.

Alguns de vocês podem ficar horrorizados com essa idéia e rechaçá-la de imediato. "Ora", me dirão, "não é óbvio que a Encarnação foi um evento absolutamente único, não sendo possível reproduzi-lo de modo algum?" Minha resposta é sim e não. Sim, foi único no sentido de que o Filho de Deus revestiu-se da nossa humanidade em Jesus de Nazaré, uma só vez e para sempre, o que jamais se repetirá. Isso é verdade. Contudo, há outro sentido no qual a Encarnação não foi um evento único: a maravilhosa graça de Deus manifestada na Encarnação de Cristo deve ser imitada por todos nós. Nesse sentido, a Encarnação não foi única, exclusiva, mas universal. Somos todos chamados a seguir o supremo exemplo de humildade que ele nos deu ao descer dos céus para a terra. Por isso Paulo diz em Filipenses 2:5-8: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz". Precisamos ser semelhantes a Cristo em sua Encarnação no que diz respeito à sua admirável humildade, uma humilhação auto-imposta que está por trás da Encarnação.

Em segundo lugar, precisamos ser semelhantes a Cristo em sua prontidão em servir. Agora, passemos de sua Encarnação à sua vida de serviço; de seu nascimento à sua vida; do início ao fim. Quero convidá-los a subir comigo ao cenáculo onde Jesus passou sua última noite com os discípulos, conforme vemos no evangelho de João, capítulo 13: "Tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido". Ao terminar, retomou seu lugar e disse-lhes: "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo" — note-se a palavra — "para que, como eu vos fiz, façais vós também".

Há cristãos que interpretam literalmente esse mandamento de Jesus e fazem a cerimônia do lava-pés em dia de Ceia do Senhor ou na Quinta-feira Santa — e podem até estar certos em fazê-lo. Porém, vejo que a maioria de nós fez apenas uma transposição cultural do mandamento de Jesus: aquilo que Jesus fez, que em sua cultura era função de um escravo, nós reproduzimos em nossa cultura sem levarmos em conta que nada há de humilhante ou degradante em o fazermos uns pelos outros.

Em terceiro lugar, temos de ser semelhantes a Cristo em seu amor. Isso me lembra especificamente Efésios 5:2: "Andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave". Observe que o texto se divide em duas partes. A primeira fala de andarmos em amor, um mandamento no sentido de que toda a nossa conduta seja caracterizada pelo amor, mas a segunda parte do versículo diz que ele se entregou a si mesmo por nós, descrevendo não uma ação contínua, mas um aoristo, um tempo verbal passado, fazendo uma clara alusão à cruz. Paulo está nos conclamando a sermos semelhantes a Cristo em sua morte, a amarmos com o mesmo amor que, no Calvário, altruistamente se doa.

Observe a idéia que aqui se desenvolve: Paulo está nos instando a sermos semelhantes a Cristo na Encarnação, ao Cristo que lava os pés dos irmãos e ao Cristo crucificado. Esses três acontecimentos na vida de Cristo nos mostram claramente o que significa, na prática, sermos conformes à imagem de Cristo.

Em quarto lugar, temos de ser semelhantes a Cristo em sua abnegação paciente. No exemplo a seguir, consideraremos não o ensino de Paulo, mas o de Pedro. Cada capítulo da primeira carta de Pedro diz algo sobre sofrermos como Cristo, pois a carta tem como pano de fundo histórico o início da perseguição. Especialmente no capítulo 2 de 1 Pedro, os escravos cristãos são instados a, se castigados injustamente, suportarem e não retribuírem o mal com o mal. E Pedro prossegue dizendo que para isto mesmo fomos chamados, pois Cristo também sofreu, deixando-nos o exemplo — outra vez a mesma palavra — para seguirmos os seus passos. Este chamado para sermos semelhantes a Cristo em meio ao sofrimento injusto pode perfeitamente se tornar cada vez mais significativo à medida que as perseguições se avolumam em muitas culturas do mundo atual.

No quinto e último exemplo que quero extrair do Novo Testamento, precisamos ser semelhantes a Cristo em sua missão. Tendo examinado os ensinos de Paulo e de Pedro, veremos agora os ensinos de Jesus registrados por João. Em João 17:18, Jesus, orando, diz: "Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo", referindo-se a nós. E na Comissão, em João 20:21, Jesus diz: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". Estas palavras carregam um significado imensamente importante. Não se trata apenas da versão joanina da Grande Comissão; é também uma instrução no sentido de que a missão dos discípulos no mundo deveria ser semelhante à do próprio Cristo. Em que aspecto? Nestes textos, as palavras-chave são "envio ao mundo". Do mesmo modo como Cristo entrou em nosso mundo, nós também devemos entrar no "mundo" das outras pessoas. É como explicou, com muita propriedade, o Arcebispo Michael Ramsey há alguns anos: "Somente à medida que sairmos e nos colocarmos, com compaixão amorosa, do lado de dentro das dúvidas do duvidoso, das indagações do indagador e da solidão do que se perdeu no caminho é que poderemos afirmar e recomendar a fé que professamos".

Quando falamos em "evangelização encarnacional" é exatamente disto que falamos: entrar no mundo do outro. Toda missão genuína é uma missão encarnacional. Temos de ser semelhantes a Cristo em sua missão. Estas são as cinco principais formas de sermos conformes à imagem de Cristo: em sua Encarnação, em seu serviço, em seu amor, em sua abnegação paciente e em sua missão.

Quero, de modo bem sucinto, falar de três conseqüências práticas da assemelhação a Cristo.

Primeira: A assemelhação a Cristo e o sofrimento. Por si só, o tema do sofrimento é bem complexo, e os cristãos tentam compreendê-lo de variados pontos de vista. Um deles se sobressai: aquele segundo o qual o sofrimento faz parte do processo da transformação que Deus faz em nós para nos assemelharmos a Cristo. Seja qual for a natureza do nosso sofrimento — uma decepção, uma frustração ou qualquer outra tragédia dolorosa —, precisamos tentar enxergá-lo à luz de Romanos 8:28-29. Romanos 8:28 diz que Deus está continuamente operando para o bem do seu povo, e Romanos 8:29 revela que o seu bom propósito é nos tornar semelhantes a Cristo.

Segunda: A assemelhação a Cristo e o desafio da evangelização. Provavelmente você já se perguntou: "Por que será que, até onde percebo, em muitas situações os nossos esforços evangelísticos freqüentemente terminam em fracasso?" As razões podem ser várias e não quero ser simplista, mas uma das razões principais é que nós não somos parecidos com o Cristo que anunciamos. John Poulton, que abordou o tema num livreto muito pertinente, intitulado A Today Sort of Evangelism, escreveu:

"A pregação mais eficaz provém daqueles que vivem conforme aquilo que dizem. Eles próprios são a mensagem. Os cristãos têm de ser semelhantes àquilo que falam. A comunicação acontece fundamentalmente a partir da pessoa, não de palavras ou idéias. É no mais íntimo das pessoas que a autenticidade se faz entender; o que agora se transmite com eficácia é, basicamente, a autenticidade pessoal".

Isto é assemelhar-se à imagem de Cristo. Permitam-me dar outro exemplo. Havia um professor universitário hindu na Índia que, certa vez, identificando que um de seus alunos era cristão, disse-lhe: "Se vocês, cristãos, vivessem como Jesus Cristo viveu, a Índia estaria aos seus pés amanhã mesmo". Eu penso que a Índia já estaria aos seus pés hoje mesmo se os cristãos vivessem como Jesus viveu. Oriundo do mundo islâmico, o Reverendo Iskandar Jadeed, árabe e ex-muçulmano, disse: "Se todos os cristãos fossem cristãos — isto é, semelhantes a Cristo —, hoje o islã não existiria mais".

Isto me leva ao terceiro ponto: Assemelhação a Cristo e presença do Espírito Santo em nós. Nesta noite falei muito sobre assemelhação a Cristo, mas será que ela é alcançável? Por nossas próprias forças é evidente que não, mas Deus nos deu seu Santo Espírito para habitar em nós e nos transformar de dentro para fora. William Temple, que foi arcebispo na década de 40, costumava ilustrar este ponto falando sobre Shakespeare:

"Não adianta me darem uma peça como Hamlet ou O Rei Lear e me mandarem escrever algo semelhante. Shakespeare era capaz, eu não. Também não adianta me mostrarem uma vida como a de Jesus e me mandarem viver de igual modo. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse entrar e viver em mim, então eu seria capaz de escrever peças como as dele. E se o Espírito Santo puder entrar e habitar em mim, então eu serei capaz de viver uma vida como a de Jesus".

Para concluir, um breve resumo do que tentamos pensar juntos aqui hoje: O propósito de Deus é nos tornar semelhantes a Cristo. O modo como Deus nos torna conformes à imagem de Cristo é enchendo-nos do seu Espírito. Em outras palavras, a conclusão é de natureza trinitária, pois envolve o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

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Fonte do original em inglês: http://www.langhampartnership.org/2007/08/06/john-stott-address-at-keswick/

Tradução: F. R. Castelo Branco (Outubro/2007)

sábado, 20 de outubro de 2007

O “Direito” ao Aborto

O “Direito” ao Aborto
Rev. Rousas John Rushdoony

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Em anos recentes, em um país após outro, os tribunais do Estado têm concedido aos indivíduos o tão desejado “direito” à prática do aborto medicinalmente, ou abortar o próprio filho. As forças retóricas do pró-aborto têm enfatizado fortemente o aspecto da escolha e liberdade pessoal. Essa observação tem apelado grandemente aos libertarianos também, que têm, portanto, ecoado a linguagem pré-aborto de “liberais” e esquerdistas. Alguns conservadores também têm concordado com o aborto sob a mesma premissa, que a escolha pessoa é o bem maior, não importa o que mais esteja em consideração.
Ironicamente, essa suposição é particularmente vulnerável. O aborto ataca a premissa cristã que a lei-palavra de Deus somente apresenta as regras pelas quais a vida pode ser tirada, e o aborto não tem lugar na lei de Deus. O fato mais óbvio sobre o aborto é que ele é uma “escolha e liberdade pessoal” estabelecida pelos tribunais do Estado e por atos de legisladores do Estado.
O Estado, ao conceder aos indivíduos o “direito” de aborto, e o “direito à eutanásia”, ou morte de misericórdia”, está através disso afirmando o “direito” anterior do Estado tanto sobre Deus como sobre o homem para tirar a vida humana. Ao invés de conferir uma nova liberdade ao homem, o Estado está tirando a liberdade dele. A vida do homem debaixo de Deus é sacrossanta, da concepção até a morte. O homem pode tirar a vida humana apenas em circunstancias bem restritas, essencialmente por crimes capitais como especificado na lei de Deus, na auto-defesa, e na guerra. Onde quer que o Estado ou o homem vão além da lei de Deus, tal ato estabelece o homem ou o Estado como senhor ou soberano sobre a vida. O direito de existir torna-se então uma concessão do Estado, que também tem então o “direito” de matar um homem à vontade.
Os Estados marxistas têm prontamente concedido o “direito” ao aborto quando eles escolhem, mas ao mesmo tempo têm mantido para si mesmos o “direito” de tirar a vida humana, sempre que isso servir aos propósitos do Estado. Socialismo, trabalho escravo e campos de extermínio se tornaram sinônimos.
Permitir ao Estado uma partícula de poder não permitida pela lei de Deus é diminuir a liberdade do homem sob Deus. Permitir que o Estado legitime o aborto é conceder ao Estado o poder de tirar nossas vidas à vontade do Estado. As decisões e leis de aborto têm feito duas coisas: primeiro, tem tornado legal o “direito” de pessoas tirar a vida humana. Segundo, o Estado agora tem liberdade, à parte da lei de Deus, para tirar a vida humana à vontade.
Todo o poder que o Estado ganha, ele usa. Como resultado, temos agora um terceiro fator, e o dr. Charles Rice, um professor da lei, tem apontado: o Estado agora, de acordo com os tribunais, pode definir o que constitui uma pessoa. A definição de uma pessoa não é mais teológica ou médica; é civil e legal. Podemos ser declarados como não-pessoas pelo Estado ou suas cortes, e negar a vida.
O “direito” ao aborto, assim, não aumenta a escolha ou liberdade pessoal; ele o restringe severamente, pois estabelece o direito “anterior” do Estado para permitir ou negar o direito de viver à vontade. Tal passo, a legalização do aborto, é o princípio da morte da liberdade e do homem.
Fonte: Texto original publicado no The Roots of Christian Reconstruction [Vallecito, CA: Ross House Books, 1991], 1118–1119. Disponível em: http://www.chalcedon.edu/
Texto traduzido disponível em http://www.monergismo.com/

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

FORTALEZA DE SANTA CRUZ


Foto da Fortaleza de Santa Cruz, entrada da Baía de Guanabara - RJ, em 28 de agosto de 2007, às 07h20, com Canon S3 IS.

domingo, 30 de setembro de 2007

O Povo de Deus, a Terra de Israel, e a Imparcialidade do Evangelho

Resolvi postar o texto abaixo, após uma aula da escola dominical, onde alguns irmãos declararam acreditar que Israel ainda é o povo de Deus, compartilhando das promessas messiânicas com a Igreja do Senhor Jesus.

Infelizmente, por uma má interpretação bíblica de alguns e por interesses escusos de outros (em especial, daqueles que defendem a política externa norte-americana), essa e outras doutrinas teológicas vêm se enraizando no seio evangélico, contaminando, até mesmo, muitos calvinistas. Aceitar essa doutrina incorre, dentre outras coisas, nos seguintes erros:

· banalizar o evangelho da graça, anulando o valor da morte vicária de Jesus ocorrida em favor daqueles que o aceitam como Senhor e Salvador de suas vidas; e

· acreditar que Deus foi “pego de surpresa” pela recusa dos judeus ao seu plano de salvação, colocando, conseqüentemente, em ação seu “plano B”, estendendo aos gentios a graça da salvação.

Graças a Deus, existem muitos irmãos, como os que subscreveram o texto a seguir, que, baseados unicamente no Evangelho, têm se interessado em discutir essa heresia e buscado provar biblicamente a sua errância.

Soli Deo Gloria

Nelson Calmon


Uma Carta Aberta aos Evangélicos e a Outros Partidos Interessados:
O Povo de Deus, a Terra de Israel, e a Imparcialidade do Evangelho

Recentemente, alguns líderes da comunidade protestante dos Estados Unidos têm encorajado o endosso de compromissos políticos unilaterais e de longo prazo para o povo e terra de Israel no conflito Israelense-Palestino, citando as Sagradas Escrituras como a base para aqueles compromissos. Para fortalecer este endosso, vários destes líderes também têm falado em nome de setenta milhões de pessoas que constituem a comunidade evangélica americana.

É bom e necessário que os líderes evangélicos expressem-se sobre os grandes assuntos morais de nossos dias, em obediência ao chamado de Cristo para os Seus discípulos serem o sal e luz neste mundo.[1] É bem diferente, porém, quando líderes reivindicam compromissos que são baseados em uma grave má interpretação das Sagradas Escrituras. Em tais circunstâncias, é bom e necessário que outros lideres evangélicos também se expressem. Estamos aqui na esperança de poder contribuir com a causa do Senhor Jesus, aparte de Quem não pode haver verdadeira e duradoura paz no mundo.[2]

No cerne dos compromissos políticos em questão estão duas propostas fatalmente deficientes. Primeira: alguns estão ensinando que o suposto favor de Deus para com Israel, hoje, se baseia mais na sua descendência étnica do que na graça de Cristo somente, como proclamada no Evangelho. Segunda: outros ensinam que as promessas da Bíblia concernentes à terra são cumpridas em uma especial região política, ou “Terra Santa”, perpetuamente separada por Deus para somente um grupo étnico. Como resultado destas falsas reivindicações, grandes segmentos da comunidade evangélica, nossos compatriotas e nosso governo estão sendo enganados com respeito aos ensinamentos da Bíblia relativos ao povo de Deus, a terra de Israel e a imparcialidade do Evangelho.

A seguir, gostaríamos de afirmar publicamente nossas convicções. Nós também reconhecemos a genuína fé evangélica de muitos que não concordam conosco. Sabendo que nós podemos cair no desfavor deles, todavia somos constrangidos pelas Escrituras e pela consciência em afirmar as seguintes proposições para a causa de Cristo e da verdade.

  1. O Evangelho oferece vida no céu para os judeus e gentios igualmente como um dom gratuito em Jesus Cristo.[3] A vida eterna no céu não é adquirida ou merecida, nem é baseada em descendência étnica ou nascimento natural.[4]

  1. Todos os seres humanos, judeus e gentios, são igualmente, pecadores,[5] e, como tais, estão sob o julgamento de morte de Deus.[6] Porque o padrão de Deus é a perfeita obediência e todos somos pecadores, é impossível alguém ganhar paz temporária ou vida eterna por seus próprios esforços. Além disto, aparte de Cristo, não há nenhum favor especial divino para qualquer membro de qualquer grupo étnico; nem, aparte de Cristo, há qualquer promessa divina de uma pátria terrestre ou uma herança celestial para qualquer um, seja judeu ou gentio.[7] Ensinar ou inferir de outra forma é nada menos do que desacreditar o próprio Evangelho.

  1. Deus, o Criador da humanidade, é misericordioso e não tem prazer em castigar os pecadores.[8] Todavia, Deus é também santo e justo e deve punir o pecado.[9] Portanto, para satisfazer tanto a Sua justiça como Sua misericórdia, Deus designou um único caminho de salvação para todos, seja judeu ou gentio, em Jesus Cristo somente.[10]\

IV. Jesus Cristo, que é totalmente Deus e totalmente homem,[11] veio a este mundo para salvar pecadores.[12] Em sua morte na cruz, Jesus foi o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, igualmente de judeus e gentios. A morte de Jesus cumpriu para sempre e terminou eternamente os sacrifícios do templo judeu.[13] Todos que desejam adorar a Deus, sejam judeus ou gentios, devem agora vir a Ele em Espírito e em verdade através de Jesus Cristo somente. A adoração a Deus não é mais identificada com qualquer santuário terreno específico. Ele recebe adoração somente através de Jesus Cristo, o eterno e celestial Templo.[14]

  1. A todos quanto receberem e descansarem sob Cristo somente, através da fé somente, a judeus e gentios igualmente, Deus dá a vida eterna em sua herança celestial.[15]

  1. As promessas da herança que Deus deu a Abraão foram feitas eficazes através de Cristo, a Verdadeira Semente de Abraão.[16] Estas promessas não foram e não podem ser feitas eficazes através de um ser humano pecador, guardando a lei de Deus.[17] Antes, a promessa de uma herança é feita àqueles que tem fé em Jesus, o Verdadeiro Herdeiro de Abraão. Todos benefícios espirituais são derivados de Jesus, e, aparte dEle, não há nenhuma participação nas promessas.[18] Visto que Jesus Cristo é o Mediador da Aliança Abraâmica, todos os que O abençoarem, e a Seu povo, serão abençoados de Deus, e todos que O amaldiçoarem, e a Seu povo, serão amaldiçoados de Deus.[19] Estas promessas não se aplicam à algum grupo étnico particular,[20] mas à Igreja de Jesus Cristo, o verdadeiro Israel.[21] O povo de Deus, seja a igreja de Israel no deserto, no Antigo Testamento,[22] ou o Israel de Deus entre os gentios de Gálatas, no Novo Testamento,[23] são um corpo que através de Jesus receberão a promessa da cidade celestial, a eterna Sião.[24] Esta herança celestial tem sido a expectativa do povo de Deus em todas as épocas.[25]

  1. Jesus ensinou que Sua ressurreição foi o levantar do Verdadeiro Templo de Israel.[26] Ele substituiu o sacerdócio, sacrifícios e o santuário de Israel satisfazendo-lhes em Seu próprio glorioso ministério sacerdotal e oferecendo, de uma vez por todas, Seu sacrifício pelo mundo, isto é, tanto pelo judeu como pelo gentio.[27] Os crentes de todas as nações estão agora sendo construídos através dEle neste Terceiro Templo,[28] a igreja que Jesus prometeu construir.[29]

  1. Simão Pedro falou da segunda vinda do Senhor Jesus em conexão com o julgamento final e com o castigo dos pecadores.[30] De forma instrutiva, este mesmo Simão Pedro, o Apóstolo da circuncisão,[31] não diz nada sobre a restauração do reino a Israel na terra da Palestina.[32] Ao contrário, como seus leitores contemplavam a promessa da segunda vinda de Jesus, ele fixou a esperança deles nos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça.[33]

  1. O direito de qualquer grupo étnico ou religioso sob o território no Oriente Médio chamado de “Terra Santa” não pode ser apoiado pelas Escrituras. Na realidade, as promessas da terra específicas a Israel no Antigo Testamento foram cumpridas em Josué.[34] O Novo Testamento fala clara e profeticamente sobre a destruição do segundo templo em 70 d.C.[35] Nenhum escritor do Novo Testamento prevê um novo ajuntamento étnico de Israel na terra, como fizeram os profetas do Antigo Testamento depois da destruição do primeiro templo em 586 a.C.[36] Ademais, as promessas de terra na Antiga Aliança são consiste e deliberadamente expandidas no Novo Testamento para mostrar o universal domínio de Jesus,[37] que reina dos céus sob o trono de Davi, convidando todas as nações através do Evangelho da graça à participarem de Seu eterno e universal domínio.[38]

  1. Uma teologia cristã deficiente com respeito à “Terra Santa” contribuiu para a trágica crueldade das cruzadas na Idade Média. Lamentavelmente, esta teologia cristã deficiente está, hoje, atribuindo ao Israel secular um divino mandato para conquistar e tomar posse da Palestina, com a conseqüência de que o povo palestino é marginalizado e considerado como “cananitas” virtuais.[39] Esta doutrina é tanto contrária ao ensino do Novo Testamento como uma violação ao mandato do Evangelho.[40] Em adição, esta teologia coloca aqueles cristãos que encorajam o violento ataque e ocupação da terra palestina em risco moral de culpa no derramamento do sangue palestino. Como cristãos não somos chamados à orar e trabalhar pela paz, alertando ambas as partes deste conflito que aqueles que vivem pela espada morrerão pela espada?[41] Somente o Evangelho de Jesus Cristo pode trazer tanto a reconciliação temporal como a esperança de uma herança eterna e celestial aos israelitas e palestinos. Somente através de Jesus Cristo alguém pode conhecer paz na terra.

O prometido reino messiânico de Jesus Cristo tem sido inaugurado. Seu advento marca o ponto focal da história humana. O reino do Messias continua na realização de sua plenitude na medida em que judeus e gentios crentes são adicionados à comunidade dos redimidos em cada geração. O mesmo reino será manifestado em sua forma final e eterna com o retorno de Cristo, o Rei, em toda Sua glória.

De todas as nações, o povo judeu executou o papel primário na vinda do reino messiânico. As Escrituras neotestamentárias declaram que à eles foi dado os oráculos de Deus,[42] a adoção, a glória, os pactos, a promulgação da lei, o culto e as promessas.[43] Deles foram os pais, Abraão, Isaque e Jacó, e deles, segundo a carne, veio Cristo.[44] A salvação é, deveras, dos judeus.[45] Enquanto afirmando os ensinos das Escrituras que não há salvação fora de Cristo, os cristãos podem reconhecer com sincera dor e tristeza a freqüente opressão feita aos judeus na história, algumas vezes feitas em nome da cruz.

Mas o que faremos com a incredulidade de Israel? Tem a incredulidade deles feito a fidelidade de Deus sem efeito a eles?[46] Não, Deus não rejeitou completamente o povo de Israel,[47] e nós nos unimos ao apóstolo Paulo em sua sincera oração para a salvação de seus parentes israelitas segundo a carne.[48] Sempre tem havido e sempre haverá um remanescente que será salvo.[49] Embora nem todo o Israel experimentará a benção da participação no reino messiânico,[50] todavia, os judeus que chegam à fé em Cristo participarão de Seu reino durante toda esta presente era e durante toda a eternidade. Além disso, não é como se a rejeição de alguns em Israel, por causa da incredulidade, não sirva para nenhum propósito. Pelo contrário, porque eles foram quebrados em sua incredulidade, o Evangelho veio aos gentios, os quais, agora, através da fé, participam das bênçãos aos pais e se unem com os crentes judeus para constituir o verdadeiro Israel de Deus, a igreja de Jesus Cristo.[51]

O presente estado secular de Israel, contudo, não é uma realização autêntica ou profética do reino messiânico de Jesus Cristo. Além do mais, não deveria ser antecipado o dia no qual o reino de Cristo será manifesto apenas aos judeus, seja pela sua localização na “terra”, por sua constituição ou por suas instituições e práticas cerimoniais. Pelo contrário, esta presente era chegará a uma conclusão culminante com a chegada da fase final e eterna do reino do Messias. Nesta hora, todos os olhos, até mesmo daqueles que O traspassaram, verão o Rei em sua glória.[52] Todo joelho se dobrará, e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai.[53] Os reinos deste mundo se tornarão o reino de nosso Senhor Jesus Cristo, e Ele reinará eternamente.[54]

À luz da grande expectativa profética do Novo Testamento, encorajamos nossos irmãos e irmãs evangélicas a retornar à proclamação da livre oferta da graça de Cristo no Evangelho para todo filho de Abraão, a orar pela paz entre israelitas e palestinos, e a prometer toda simpatia humanitária e apoio prático para aqueles, em ambos os lados, que estão sofrendo neste corrente circulo vicioso de atrocidade e desalojamento. Nós também convidamos aqueles educadores e pastores cristãos que compartilham de nossas convicções sobre o povo de Deus, sobre a terra de Israel, e sobre a imparcialidade do Evangelho, a unir seus nomes aos nossos como assinantes desta carta aberta.[55]

Advento
No Ano de nosso Senhor 2002
Soli Deo Gloria

Signatários que servem em ministérios educacionais (escolas, organizações pára-eclesiásticas, etc.):

R. Fowler White, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
R. C. Sproul, Ph.D., Presidente, Ligonier Ministries, Orlando, FL; Professor Visitante, Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
Robert L. Reymond, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
O. Palmer Robertson, Th.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
E. Calvin Beisner, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL

Samuel P. Lamerson, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
Lawrence C. Roff, D.Min., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
Warren A. Gage, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
Collins D. Weeber, Ph.D., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
Ronald T. Kilpatrick, D.Min., Knox Theological Seminary, Ft. Lauderdale, FL
George W. Grant, Ph.D., King’s Meadow Study Center, Franklin, TN
Michael A. G. Haykin, Th.D., Toronto Baptist Theological Seminary, Canadá
David W. Hall, Ph.D., Diretor, The Kuyper Institute; Pastor Sênior, Midway Presbyterian Church, Powder Springs, GA
Alden C. Mayfield, M.A.R., Chung-Ang University, Seoul, Korea
Gary DeMar, M.Div., American Vision, Powder Springs, GA
Dominic A. Aquila, D.Min., New Geneva Theological Seminary, Colorado Springs, CO
Richard B. Gaffin, Jr., Th.D., Westminster Theological Seminary, Philadelphia, PA
Cornelius P. Venema, Ph.D., Mid-America Reformed Seminary, Dyer, IN
Michael S. Horton, Ph.D., Alliance of Confessing Evangelicals, Philadelphia, PA
C.W. Powell, Ph.D., New Geneva Theological Seminary, Colorado Springs, CO
James E. McGoldrick, Ph.D., Greenville Presbyterian Theological Seminary, Taylors, SC
Kenneth G. Talbot, Ph.D., Whitefield Theological Seminary, Lakeland, FL
Donald J. Musin, Ph.D., Whitefield Theological Seminary, Lakeland, FL
W. Gary Crampton, Th.D., Whitefield Theological Seminary, Lakeland, FL
Thomas Schirmacher, Ph.D., Martin Bucer Theological Seminary, Germany
D. Randall Talbot, Th.D., Whitefield Theological Seminary, Lakeland, FL
Leanne Van Dyk, Ph.D., Western Theological Seminary, Holland, MI
Mariano Avila, Ph.D., Calvin Theological Seminary, Grand Rapids, MI

Signatários que servem em ministérios pastorais (pastores, presbíteros, etc.):

Kenneth P. Wackes, D.Min., Coral Ridge Presbyterian Church, Ft. Lauderdale, FL
Ronald L. Siegenthaler, B.D., Coral Ridge Presbyterian Church Ft. Lauderdale, FL
Paul C. Hurst, M.Div., Coral Ridge Presbyterian Church, Ft. Lauderdale, FL
Robert D. Dillard, Jr., M.Div., Coral Ridge Presbyterian Church, Ft. Lauderdale, FL
Gregory J. Beaupied, M.Div., Coral Ridge Presbyterian Church, Ft. Lauderdale, FL
Gary L. W. Johnson, D.Th. (cand.), Church of the Redeemer, Mesa, AZ
Gary J. Griffith, M.A., Faith Reformed Presbyterian Church, Quarryville, PA
Robert N. Burridge, M.Div., Grace Presbyterian Church, Pinellas Park, FL
J. Ray Bobo, M.Div., Heidelberg Presbyterian Church, Heidelberg, MS
Craig R. Rowe, D.Min., Gallatin Valley Presbyterian Church, Bozeman, MT
K. Dale Linton, M.Div., Magee Presbyterian Church, Magee, MS
J. Michael Arnaud, M.Div., Arco Presbyterian Church, Arco, ID
Michael A. Milton, Ph.D., First Presbyterian Church, Chattanooga, TN
Kenneth A. Pierce, M.Div., Draper’s Valley Presbyterian Church, Draper, VA
Robert D. Byrne, M.Div., PCA Hospital Chaplain
J. Render Caines, D.Min., Covenant Presbyterian Church, Chattanooga, TN
Robert Benn Vincent, Sr., M.Div., Grace Presbyterian Church, Alexandria, LA
Ed Yurus, M.Div., 1-101 Aviation Regiment Chaplain, Fort Campbell, KY
Raymond P. Joseph, M.Div., Southfield Reformed Presbyterian Church, Southfield, MI
Peter Byron LaPointe, M.Div., Christ the King Presbyterian Church, Seminole, FL
William Mikler, Ph.D., St. Johns Abbey, Sanford, FL
W. Michael McCrocklin, D.Min., Christ the Redeemer Presbyterian Church, Cypress, TX
Stephen M. Clark, Ph.D., Wallace Presbyterian Church, Hyattsville, MD
Edward L. James, M.Div., Grace Christian Fellowship, Hancock, MD
Jeffrey Kingswood, M.Div., Grace Presbyterian Church, Woodstock, Ontario
E. Matthew Kingswood, M.Div., Russell Reformed Presbyterian Church, Russell, Ontario
Charles H. Roberts, D.Min., Ballston Center ARP Church, Ballston Spa, NY
Kevin Ramsey, Ruling Elder, Salem Presbyterian Church, Gaffney, SC
Arthur L. Fawthrop, B.D., Crown and Covenant Church, Owego, NY
William S. Smith, Th.D., aposentado, PCUSA
Dan Gibson, B.A., Covenant Community Reformed Church, Janesville, WI
Christian Adjemian, Ph.D., First Reformed Presbyterian Church, Cambridge, MA
Larry Pratt, presbítero, Harvester Presbyterian Church, Springfield, VA
James H. Chester, M.Div., Orthodox Zion Primitive Baptist Church, West Palm Beach, FL
G. I. Williamson, B.D., Orthodox Presbyterian Church, Sheldon, IA
LeRoy E. Miller, M.Div., Faith Orthodox Presbyterian Church, Lincoln, NE
Donald R. Miller, B.D., Emmanuel Reformed Presbyterian Church, Auburn, ME
Stephen D. Doe, M.Div., Bethel Reformed Presbyterian Church, Fredericksburg, VA
Thomas J. Pasquarello, presbítero, Grace Reformed Fellowship, Hagerstown, MD
G. C. Hammond, M.Div., Bethel Presbyterian Church, Leesburg, VA
Allen F. Gewecke, presbítero, Faith Orthodox Presbyterian Church, Lincoln, NE
David F. Coffin, Jr., Ph.D. cand., New Hope Presbyterian Church, Fairfax, VA
Shawn H. Keating, M.Div., Carrollton Presbyterian Church, Carrollton, MS
Scott Seidler, M.Div., Faith Presbyterian Church, Okeechobee, FL
John T. Stevenson, M.Div., St. Andrews Presbyterian Church, Hollywood, FL
Joseph Mooibroek, Ph.D., Independent Baptist Alliance, Boca Raton, FL
Hermes C. Fernandes, B.A., Order of Evangelical Ministers of Brazil
Patrick H. Morison, M.Div., aposentado, Orthodox Presbyterian Church, Kalispell, MT
Chris Delzio, presbítero, Harrison Presbyterian Church, Harrison, NY
Andrew H. Selle, D.Min., Christian Counseling & Mediation, Essex Junction, VT
Paul D. Frick, M.Div., Westminster Presbyterian Church, Valdosta, GA
Reed DePace, M.A.R., Reformed Presbyterian Church of Slate Lick, Kittanning, PA
Stephen Pribble, M.A., Grace Orthodox Presbyterian Church, Holt, MI
Stephen M. Van Roekel, M.Div., Lake Osborne Presbyterian Church, Lake Worth, FL
Tom Darnell, M.A., Grace Covenant Presbyterian Church, Williamsburg, VA
Robert Totty, Th.M., presbítero, Westminster Reformed Presbyterian Church, Suffolk, VA
David Fairchild, Kaleo Fellowship of Christ, San Diego, CA
Anthony Monaghan, M.Div., Providence Presbyterian Church, Charlottesville, VA



[1] Mt 5:13-16: Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.

[2] Jo 14:27: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

[3] Rm 6:23: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.

[4] Lc 3:8: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai, porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. Ef 2:8-9: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

[5] Rm 3:22-23: isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus,

[6] Rm 3:23: Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus,

[7] Rm 8:9-10: Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.

[8] Ez 18:23,32: Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva? (...) Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor JEOVÁ; convertei-vos, pois, e vivei.

[9] Ex 34:7: que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração.

[10] At 4:12: E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

[11] Jo 1:1,14: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

[12] 1Tm 1:15: Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.

[13] Hb 9:11-12; 10:11-12: Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. (...) E assim todo sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus,

[14] Jo 4:21,23: Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

[15] Rm 1:16: Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Jo 4:13-13: Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.

[16] Gl 3:16: Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo.

[17] Rm 4:13: Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.

[18] Gl 3:7,26-29: Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. (...) Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa.

[19] Gn 12:3: E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Gl 3:7-8: Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.

[20] Gl 3:22: Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mt 21:43: Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos.

[21] Rm 2:28-29: Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Fp 3:3: Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.

[22] At 7:38: Este [Moisés] é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.

[23] Gl 6:16: E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.

[24] Hb 13:14: Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura. Fp 3:20: Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, 2Pe 3:13: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Ap 21:9-14: E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus. A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas, e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel. Da banda do levante, tinha três portas; da banda do norte, três portas; da banda do sul, três portas; da banda do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Hb 11:39-40: E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.

[25] Hb 11:13-16: Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque lhes preparou uma cidade. Hb 12:22-24: Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.

[26] Jo 2:19-21: Jesus respondeu e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo.

[27] Hb 8:1-6: Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer. Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou. Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas.[Veja também 4:14-5:10; 6:13-10:18]

[28] Ef 2:19-22: Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito. 1Pe 2:4-6: E, chegando-vos para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.

[29] Mt 16:18: Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Hb 3:5-6: E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.

[30] 2Pe 2:10-13: mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as dominações. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco;

[31] Gl 2:7-8: antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),

[32] Cf. At 1:6-7: Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.

[33] 2Pe 3:3: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.

[34] Js 21:43-45: Desta sorte, deu o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela. E o SENHOR lhes deu repouso em redor, conforme tudo quanto jurara a seus pais; e nenhum de todos os seus inimigos ficou em pé diante deles; todos os seus inimigos o SENHOR deu na sua mão. Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu.

[35] Mt 24:1-2: E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. [Veja também, Mc 13:1-2; Lc 21:20-24]

[36] Lc 21:24: E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.

[37] Ex 20:11: Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou. Ef 2:3: Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. Gn 12:1: Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Rm 4:13: Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé. Sl 37:11: Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz. Mt 5:5: bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Sl 2:7-8: Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão.

[38] At 2:29-32: Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.

[39] Dt 20:16-18: Porém, das cidades destas nações, que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes, destruí-las-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos ferezeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o SENHOR, teu Deus, para que vos não ensinem a fazer conforme todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra o SENHOR, vosso Deus. [veja também Lv 27:28-29]

[40] Mt 28:19: Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

[41] Mt 26:52: Então, Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão.

[42] Rm 3:2: Muita, em toda maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.

[43] Rm 9:3-4: Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas;

[44] Rm 9:5: dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!

[45] Jo 4:22: Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

[46] Rm 3:1-4: Qual é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas. Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso, como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando fores julgado.

[47] Rm 11:1: Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. [Leia todo Rm 11:2-10]

[48] Rm 9:1-3: Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;

[49] Rm 11:5: Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça.

[50] Rm 9:6: Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas;

[51] Rm 11:11-18: Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, glorificarei o meu ministério; para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

[52] Ap 1:7: Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!

[53] Fp 2:9-11: Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

[54] Ap 11:15: tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.

[55] Aqueles que desejarem adicionar seus nomes como assinantes desta Carta Aberta podem fazer isso entrando em contato conosco através de carta para o Knox Theological Seminary, 5554 N. Federal Hwy., Ft. Lauderdale, FL, ou através de e-mail para DeanofFaculty@knoxseminary.org. Devido ao potencial de vários abusos, nomes serão adicionados como assinantes somente após recebimento de: 1) correspondência (carta ou e-mail) concedendo permissão para unir o nome indicado e a pertinente identificação para a Carta Aberta; e 2) um número de telefone para confirmação verbal. Para um maior estudo sobre a contribuição do Livro do Apocalipse na escatologia bíblica, veja o The John-Revelation Project, no Fórum da Faculdade nesta web site.


Traduzido do Inglês por Felipe Sabino de Araújo Neto. Revisado pelo Pb. Solano Portela. (Março de 2003).
Acessado, em 23/10/2003, no portal http://www.textosdareforma.net